O presente trabalho analisa os contos A metamorfose, de Franz Kafka, e Meu tio o iauretê, de Guimarães Rosa, à luz do conceito deleuziano de devir, procurando mostrar estas aproximações entre homens e animais como uma busca por liberdade.
Esse trabalho discute a estreita relação entre literatura e filosofia a partir da obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser. O trabalho considera que os escritores tchecos Franz Kafka e Jaroslav Hašek, bem como o escritor brasileiro João Guimarães Rosa, são fundamentais para a constituição do pensamento de Vilém Flusser. Sérgio Paulo Rouanet diz que o amigo Vilém Flusser é uma espécie de “meta-Švejk”. O próprio Flusser se considera uma espécie de “pós-Kafka”. O nosso trabalho, por sua vez, explora a hipótese de que o célebre conto de Guimarães Rosa, “A terceira margem do rio”, tenha sido inspirado na vida e no pensamento de Vilém Flusser.
Este artigo objetiva apresentar funções ampliadas dos textos literários por meio da intercessão de dois importantes conceitos: o de ‘deslocamento’, problematizado por Barthes na obra Aula; e o conceito de ‘literatura menor’, desenvolvido por Deleuze e Guattari. A questão problema que norteia a pesquisa é: Quais as funções do texto literário segundo Barthes e Deleuze e Guattari? Como procedimento metodológico, optou-se por fazer incursões pelas obras de Franz Kafka, João Guimarães Rosa e Clarice Lispector, realizando inferências que possibilitassem abordar esses conceitos nas narrativas literárias. Como resultado, sinaliza-se que as funções do texto literário, para Barthes, Deleuze e Guattari, são de deslocamentos que fogem das forças coercitivas da língua – o fascismo – e possibilitam a dúvida sobre seus sentidos, a contradição e a dinamicidade do texto, características que o situam como literatura ‘menor’.
Este trabalho pretende, a partir do diálogo com o filósofo coreano Byung-Chul Han (2017) acerca da questão imunológica em seu livro Sociedade do Cansaço, analisar alguns pensares e práticas discursivas circunscritas ao par contágio/contato e concernentes à pandemia de Covid-19 (Corona Vírus) que assola o mundo no século 21, em uma perspectiva literária. Desenvolvendo o diálogo da Filosofia (HAN, 2017; ZIZEK, 2003; BAUDRILLARD, 2001) com a Literatura, a abordagem pretende realçar a presença e a contribuição das Ciências Humanas no entendimento dos eventos que atravessam a sociedade contemporânea em dimensão planetária através de dois eixos que se bifurcam: (1) defender a Literatura e as Humanidades como ciência, área e campo do saber aptos a discutir e analisar as questões humanas e sociais; e (2) construir, com o leitor, uma nova experiência estética de leitura (GUMBRECHT, 2010) em tempos de quarentena. Para isso, serão trazidos alguns exemplos de Guimarães Rosa, Machado de Assis, Frans Kafka e José Saramago, em conexão implícita com algumas chaves contrastantes da argumentação desenvolvida pelo filósofo coreano. Importante ressaltar que o caminho percorrido neste artigo representa um convite ao acompanhamento do leitor no ‘traço-a-traço’ da escritura, de maneira que a experiência enunciada seja ao mesmo tempo vivida e compartilhada no processo de leitura.
Tendo como referência a literatura do escritor Checo Franz Kafka e o romance Grande Sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa, através do apoio teórico de Walter Benjamin, Giorgio Agamben, Michel Foucault, Gilles Deleuze, Félix Guattari, este artigo investiga três formas de estado de exceção:a soberana, a disciplinar e a do controle, propondo a simultaneidade delas a partir do conceito de sociedade do controle integrado.
A intenção em colocar os textos em confronto obedece à proposta de desdobramento dos temas aflorados pelo Diário de guerra, de Guimarães Rosa, pela coincidência verificada, no conto de Kafka e no texto de Coetzee, a respeito das experiências científicas relativas à evolução da espécie: em Kafka, essas experiências sofrem o processo de metaforização; em A vida dos animais, são documentados e discutidos de forma irônica e sob vários pontos de vista.