Em “Estória Nº3” encontramos três personagens enredados: o terrível Ipanemão bate à porta do casal
Joãoquerque e Mira. O homem foge, enquanto a mulher aguarda o bandido. Mas, no quintal da casa, Joãoquerque pensa em Mira e acaba por assimilar o caráter de Ipanemão, transformando-se num homem destemido que mata o rival. Calcado na psicologia junguiana, pretendo demonstrar que Ipanemão
representa a sombra de Joãoquerque, ao passo que Mira desempenha a função de anima do herói, o aspecto feminino e auxiliador da psique.
O artigo pretende explorar aspectos do duplo presentes em Estória nº 3, conto de Tutaméia, de Guimarães Rosa. Perseguido por um impiedoso bandido, o acovardado protagonista percebe que é projeção do outro, seu duplo. Essa compreensão permite romper com o papel de vítima e transformar-se em assassino do rival. O duplo aparece nos planos narrativo e metalingüístico. Para a leitura, foram necessários conceitos da Psicanálise e da Filosofia de Schopenhauer, numa perspectiva integradora.
Neste artigo, comparo alguns textos de João Guimarães Rosa com filmes de Charles Chaplin e Pier Paolo Pasolini. O contraste está baseado nos temas do silêncio e da morte.
Este trabalho será desenvolvido com base em quatro contos de Guimarães Rosa: "Arroio-das-Antas", "Esses Lopes", Estória no 3" e "Estoriinha". A escolha desses textos como objeto de análise decorreu do fato de apresentarem como pontos de contato: a interdição, o amor, a punição, o destino e a morte, elementos que são comuns ao trágico. Nosso objetivo é tratar esses aspectos e mostrar de que forma instauram o humor nos contos mencionados.
O presente artigo tem como objetivo abordar a presença da Necessidade e do Riso no conto “Estória nº 3”, narrativa do livro Tutameia (Terceiras estórias), de João Guimarães Rosa. Nossa reflexão colocar-se-á na inter-relação entre os sujeitos que compõe a “estória”, personagens que estão imersos numa situação de violência e competição, mas ao mesmo tempo, comandados pela “roda mestra”, que os coloca como meros “joguetes” diante da incerteza da vida. Nesse sentido, abordaremos nossa leitura na tradição crítica que considera o conjunto da ficção rosiana como universal, porque se desenvolve nas convergências que transbordam do humano, onde se encontra o seu destino, seus dramas e conflitos, emaranhados sempre da comicidade, aspecto comum de Terceiras estórias.
Este trabalho pretende analisar os contos “Umas formas” e “Estória n. 03” integrantes de Tutaméia: terceiras estórias (1979) de João Guimarães Rosa, dando destaque à aliança que se estabelece entre o real e o impossível na engenharia do texto e no arcabouço da linguagem literária. Para tal direcionamento, o viés teórico convocado é a noção contemporânea de fantástico, em particular a concepção endossada por Cortázar (2008), Calvino (2004) e Roas (2011, 2014), dentre outros estudiosos do gênero que destacam a dimensão transgressora da realidade para além do textual, sobretudo a noção de que o fantástico se instala no entrelaçamento do natural e do sobrenatural, do estranho e do familiar, do possível e do impossível.
Leitura de aspectos da cultura popular, presentes no processo de construção ficcional de Guimarães Rosa, o “contista de contos críticos”, que confessara: "Não preciso inventar contos, eles vêm até mim”. Pela alquimia da palavra em seu estado primitivo, a fusão do real e ficcional com o obsessiva defesa de que "a legítima literatura deve ser vida". A multiplicação do imaginário rural mineiro na narrativa rosiana, especificamente, em contos de Tutaméia e Ave, Palavra. Historia e estória no cotidiano do povo do sertão mineiro. Pelo jogo da memória narrativa popular, a construção da identidade cultural sertaneja e a recriação do mito: "No sertão, o homem é o eu que ainda não encontrou o tu: por isso ali os anjos ou o diabo ainda manuseiam a língua".