Neste trabalho, empreendemos uma interpretação do romance Campo geral (1956) de Guimarães Rosa, inicialmente publicado na obra Corpo de baile (1956) que reunia uma coletânea de contos, novelas e romance. Posteriormente dividido em outras obras independentes pelo próprio autor, a exemplo, Manuelzão e Miguilim (2001), em que o romance está inserido. Pretendemos discutir, nesta leitura crítica sobre este romance, a formação de experiência na arte de contar, o cruzamento de elementos culto e popular, a religiosidade, a linguagem paratática, e a formação de palavras, em que verificaremos o emprego de palavras valise. No tocante a este item, balizamo-nos em estudos de Gilles Deleuze (2003). Sobre a experiência literária, remeteremos aos estudos de Maurice Blanchot (2003) e Walter Benjamin (2012).
Neste texto empreendemos uma interpretação do conto “Retábulo de São Nunca” inserido
no livro póstumo Estas Estórias (1969 [1985]) de João Guimarães Rosa. Pretendemos discutir nesta
leitura crítica a experimentação com a escrita, pois neste conto há traços característicos do gênero
trágico, presença de elementos culto e popular e o diálogo com as narrativas primevas. Para isso, lanço
mão dos estudos de Sergio Vicente Motta, no livro, O engenho da narrativa e sua árvore
genealógica: das origens a Graciliano Ramos e Guimarães Rosa (2006), afiançado nos estudos de
Scholes e Kellogg, afirma que há na nossa literatura sombra da tradição. Para ele, houve
desdobramentos a partir da narrativa matricial designada como ramos e galhos. Neste conto Rosa
discute sobre o casamento, tema comum na literatura desde a antiguidade, mas o autor subverte a
tríade encontro, desencontro e reencontro das narrativas primevas e narra o desencontro amoroso de
um jovem casal que mesmo sentindo forte apelo emocional optam por não se casar depois de terem
visitado uma capela antiga onde fora encontrado um painel de um santo misterioso.