O presente artigo traz uma análise do conto "Rebimba, o bom", de João Guimarães Rosa. O conto integra a última obra publicada em vida pelo autor, intitulada Tutameia (terceiras estórias), composta de quarenta contos curtos. A leitura analítica deste conto parte de uma breve contextualização da obra e algumas considerações acerca da opção narrativa empregada no texto. Na sequência, é realizado um detalhamento de como o narrador-personagem anônimo constrói a estória,
em uma alternância pendular de felicidade e infortúnio, até a conclusão conciliadora do conto, em que se revela a figura misteriosa de Rebimba. Para auxiliar na tarefa analítica, foram
retomados estudos da obra de Rosa realizados por Nilce Sant’Anna Martins (2001), Vera Novis (1989), Silviano Santiago (2001) e Irene Gilberto Simões (1988). Espera-se, com esta leitura,
contribuir com os estudos acerca da produção contística de Guimarães Rosa.
Tutameia - Terceiras Estórias veio a público em julho de 1967 e é o último livro publicado por João Guimarães Rosa. As narrativas mínimas que compõem o volume destoam do estilo apresentado pelo autor nas obras anteriores. Originalmente escritos para publicação na revista O Pulso, os 40 contos representam a capacidade do autor mineiro em sintetizar o fato narrado, ao mesmo tempo em que amplia a disposição significativa por meio do entredito. O espaço em que se desenrolam as narrativas é o mesmo que caracteriza o conjunto da obra rosiana, povoado por jagunços, vaqueiros, boiadas e buritis. O presente artigo versa sobre a estratégia narrativa memorialista em “– Uai, eu?”, de Guimarães Rosa, conto de Tutameia (1967). Para tanto, verifica a fortuna crítica acerca do tema proposto, destacando as considerações de Araújo (2001), Candido (2002), Coutinho (1997), Bosi (1988), Duarte (2001), Riedel (1980) e Santos (1991). Como procedimento de análise literária, recorre à observação das questões que compõem a organização narrativa do conto, de acordo com a perspectiva narratológica delineada por Gérard Genette, em Discurso da narrativa. A observação dos detalhes compositivos dessa organização textual indica uma estratégia narrativa que funciona como adjuvante na busca pelo ideal tripartido do narrador: inteligência, bondade e justiça. Conclui que a conduta reformada e testemunhal de Jimirulino, representada pela sua voz na narração, funciona como argumento em favor do depoente que, por meio dela, mostra-se incapaz de perceber as contradições de seu comportamento no tempo do crime.
Guimarães Rosa renova a perspectiva regionalista no Brasil ao ultrapassar o pitoresco e o
exótico regional quando apresenta procedimentos literários, os quais destacam expressividades linguísticas e temáticas com base na voz do homem do sertão. Neste artigo, num primeiro momento, são apresentadas considerações a respeito da obra de Rosa em relação ao ponto de vista regionalista brasileiro de forma a contextualizá-la; em seguida, como foco principal, intenta-se mostrar como pode estar presente no conto “Antiperipleia” um discurso ardiloso, ou persuasivo, por parte do narrador, que passa a ser sujeito do discurso ao invés de objeto de observação passivo. Para dar conta desta tarefa, foi revisitada a fortuna crítica sobre o autor, incluindo Bosi (1988), Coutinho (1991), Candido (2002) e Galvão (2000), dentre outros. Espera-se, com isso, contribuir com os estudos acerca da voz narrativa, na obra de Rosa.
O presente artigo objetiva realizar uma análise do conto “Esses Lopes”, de João Guimarães Rosa. No texto literário em questão, o leitor se depara com uma narradora-personagem, a Flausina, que relata as diversas formas de violência vividas em sua juventude; bem como o detalhamento dos artifícios, por ela utilizados, para se livrar de seus sofrimentos. Para tal análise, primeiramente, será observada a opção narrativa do autor, recorrente em sua obra, em uma breve tentativa de localização da obra de Rosa no panorama literário brasileiro. Em seguida, será destacada a importância, para a construção do enredo, desta modalidade de narrador, que conta uma história da qual participou como protagonista. A análise segue com a evidenciação da pertinência, ainda atual, da abordagem da violência contra a mulher – tema que é tratado no conto em questão. Nesta análise será destacado, ainda, o modo pelo qual a narradora tenta superar seus traumas a partir da concretização de planos ardilosos e fatais contra seus opressores, tentando justificar, em seu discurso, suas ações, também
violentas. Empregam-se considerações teóricas de Bosi (1988), Genette (19--) e Reis; Lopes (1988), para auxiliar a tarefa analítica. Espera-se, com o presente artigo, refletir acerca da opção do foco narrativo e sua pertinência para a construção dos significados no conto.
Este ensaio objetiva apreender a maneira de ser dúplice do narrador presente em "O outro ou o outro" (Tutaméia: terceiras estórias), de João Guimarães Rosa: ser distanciado do narrado e, concomitantemente, participativo no mesmo.
O presente trabalho tem por objetivo geral efetuar leitura analítica de sete contos de João Guimarães Rosa, presentes em sua última obra publicada em vida: Tutaméia -- terceiras estórias. Dentre as quarenta "estórias" do livro, elegeram-se as seguintes: "Antiperipléia", "Curtamão", "Êsses Lopes", "Rebimba, o bom", "Se eu seria personagem", "Tapiiraiauara" e "- Uai, eu", que possuem em comum, além da estrutura concisa, a presença de narradores autodiegéticos. Esta categoria, criada por Gérard Genette, diz respeito ao tipo de narrador que participou da história que conta, como protagonista. Para dar conta do artefato teórico foi escolhido como principal obra de apoio O discurso da narrativa, de autoria de Genette. O trabalho visa contribuir com os estudos acerca da obra contística de Guimarães Rosa, com destaque para a figura do narrador.