Guimarães Rosa que estão entre os 26 poemas intitulados O burro e o boi no presépio, publicados inicialmente na Revista Senhor e, depois, no livro póstumo Ave, palavra. É um conjunto de poemas inspirado em quadros medievais e renascentistas que tem como tema principal as figuras do boi e do burro na cena do nascimento de Jesus. Os poemas são analisados em seus aspectos métricos, rítmicos, sonoros e suas unidades semânticas e expressivas com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre a produção poética do escritor, tanto na sua criação formalmente considerada como poesia quanto em sua prosa, impregnada de poesia.
O objetivo do presente trabalho é refletir sobre a releitura dramática que a diretora Bia Lessa fez da obra Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Com apoio de pressupostos teóricos de pensadores como Peter Brook, Bertold Brecht e Roland Barthes, a intenção é examinar a encenação do romance a partir do texto dramatúrgico (escrita cênica) construído pela própria diretora. Com vasta experiência em adaptações para o teatro de obras literárias canônicas (O homem sem qualidades, de Robert Musil; Os possessos, de Dostoievski; e muitas outras), Bia Lessa coloca em cena diferentes linguagens, tais como a expressão corporal trabalhada no limite e uma arquitetura cênica surpreendente. Assim, o sertão rosiano salta das páginas para o palco, eclodindo em pura teatralidade.
Neste artigo nos propomos a pensar, numa perspectiva transdisciplinar, o fazer literário do escritor João Guimarães Rosa a partir das práticas de curadoria que passaram a prevalecer na década de 1970, nas artes visuais, com a chamada “virada curatorial”. A diluição da fronteira entre o papel do curador e do artista, a importância do uso da técnica de colagem na arte moderna e contemporânea e o caráter ensaístico da escrita crítica são as bases utilizadas para analisar o processo de escrita de Guimarães Rosa e de edição e publicação de seu livro Tutameia. A partir dessa análise, e estabelecendo um diálogo com a exposição Temporama da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster e curadoria de Pablo Leon de la Barra, foi possível concluir que Guimarães Rosa não só exerceu um protagonismo ímpar na edição de seus livros, rasurando as fronteiras dos papéis de autor e editor, como também incorporou a estratégia poética da colagem e o caráter experimental do ensaio no seu processo criativo.
O objetivo deste artigo é destacar afinidades entre Walter Benjamin e Guimarães Rosa além de avaliar como os conceitos e pensamentos de Benjamin passaram a ser incorporados à fortuna crítica sobre Grande sertão: veredas ao longo das últimas décadas. Para tal, foram analisados textos dos principais pensadores que se dedicaram à obra de Rosa, com atenção especial àqueles que se debruçaram concomitantemente à obra de Benjamin no Brasil. Conclui-se que o pensamento benjaminiano passa a relampejar de forma cada vez mais intensa a partir da década de 90, com destaque especial para os conceitos de narrador, romance e epopeia e para os ensaios com uma abordagem mais histórica, política e social do romance.
Esta dissertação propõe uma leitura de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, através das lentes de Walter Benjamin, usando como intercessores os ensaios "A imagem de Proust" e "Sobre alguns temas em Baudelaire". Nesses ensaios Benjamin levanta questões fundamentais a respeito da memória, do esquecimento, da experiência (Erfahrung) e da vivência (Erlebnis) entrelaçando-as com narrativa, temporalidade e modernidade. A intenção será investigar como estas questões permeiam Grande sertão: veredas e pensar se, a exemplo de Proust e Baudelaire, Rosa conseguiu se aproximar da possibilidade de construir a experiência (Erfahrung) através de sua prosa poética, de acordo com os conceitos benjaminianos contidos nos ensaios em questão. A partir das diversas afinidades eletivas identificadas entre Rosa e Benjamin, também se pretende imaginar se Rosa poderia ser mais uma estrela na constelação de escritores sobre os quais Walter Benjamin escreveu. Afinal, como se verá, Rosa e Benjamin são dois místicos e míticos escritores que colocam a linguagem acima de tudo e a literatura como meio para explorar questões filosóficas e metafísicas.
O objetivo desta tese é pensar o fazer literário de João Guimarães Rosa e a constituição de sua imagem enquanto autor, a partir de seus arquivos e estabelecer um diálogo com a sua biografia. A proposta é explorar como o escritor passava do ?desejo de escrever? à ?escritura?; o trânsito entre a forma breve e a forma longa e vice-versa; a sua relação com a imprensa. Por fim, analisaremos o seu romance inacabado A fazedora de velas, articulando-o com os últimos livros que publicou em vida e com obras de outros autores, tais como Marcel Proust e Gilberto Freyre. Roland Barthes será o principal intercessor por essas veredas literárias, em especial, os últimos cursos que ministrou no Collège de France, publicados no Brasil sob o título A preparação do romance (volumes I e II).