Nosso objetivo é investigar a temática da água e do tempo nos contos A terceira margem do rio (1962), de João Guimarães Rosa, e Nas águas do tempo (1994), do autor Mia Couto. As duas estórias dialogam sobre as questões da vida e da morte a partir da representação da travessia pelo rio, e sobre a experiência diante o tempo. Para compreendermos a presença da água como um elemento material, que revela a substância e o destino dos personagens, utilizaremos o estudo de Gaston Bachelard (1997), A água e os sonhos. A água representa a renovação da ancestralidade, fazendo referência aos tempos sagrado e profano. O aporte teórico para a compreensão do tempo sagrado e profano será Mircea Eliade (2008), que define a experiência do homem religioso como mysterirum tremendum e mysterium fascinans, duas experiências que estão representadas na vivência dos personagens e os conduzem a outra possibilidade de real. O pai e o avô, respectivamente personagens de Guimarães Rosa e Mia Couto, ao realizarem a travessia pelas águas desestabilizam as margens conhecidas e promovem uma reflexão sobre o ser e o estar no mundo. DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v10i6.3438
O presente trabalho pretende uma análise comparatista entre as obras “Sarapalha”, conto do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, e Esperando Godot, peça teatral de Samuel Beckett. Percebemos que as duas obras, embora pertencentes a gêneros literários distintos, e escritas em condições de produção específicas, possuem vários pontos que as aproxima. Consideramos que o confinamento espaço-temporal dos personagens é um ponto de convergência entre as duas obras em seus aspectos composicionais. Observamos, também, os vários jogos que são estabelecidos, visando a ocupar o tempo cronológico e psicológico dos personagens; assim como o passado que se incorpora de maneira profundamente arraigada em suas vidas e a perplexidade diante da existência se configuram no constructo dos textos.
O presente trabalho se propõe a interpretar a estória “Se eu seria personagem”, parte
integrante de Tutameia. Terceiras estórias, último livro organizado e publicado por Guimarães
Rosa. A estória é bastante complexa, tanto do ponto de vista do expediente narrativo adotado
quanto da perspectiva da temática de que lança mão e se empenha em investigar. A interpretação
proposta procura não só extrair as implicações poético-filosóficas da estranha afirmação que
abre a estória (e dá título ao nosso ensaio), como também depreender a trama amorosa que nela
se arquiteta, na qual repercutem lances de várias outras estórias rosianas.
Este artigo pretende analisar a questão da temporalidade nos contos “As margens da alegria” e “Os cimos”, do livro Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa, observando questões relacionadas à narrativa. Há que enfatizar que este estudo não visa à identificação de todos os “tipos” de tempo, mas procura verificar em que medida ele – o tempo – se apresenta como uma categoria importante do processo narrativo.
O presente trabalho tem como objetivo analisar o tempo e o espaço na obra “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa focalizando a influencia que os mesmos possuem sobre as ações do personagem diante do mundo em que se encontra, mundo este que se apresenta de maneira diferenciada e enigmática, mística e sublime. Sendo uma das obras mais importantes da literatura brasileira “Grande Sertão: Veredas” é exaltada tanto pela linguagem como também pelos seus valores humanos, a diversidade temática, encantos e magia e por seu absoluto poder simbólico. Essa análise será realizada à luz de alguns teóricos como: Mikhail Bakhtin, Antônio Cândido, Paul Ricoeur, Jean- Paul Sartre e Osman Lins.
Esta dissertação propõe uma leitura de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, através das lentes de Walter Benjamin, usando como intercessores os ensaios "A imagem de Proust" e "Sobre alguns temas em Baudelaire". Nesses ensaios Benjamin levanta questões fundamentais a respeito da memória, do esquecimento, da experiência (Erfahrung) e da vivência (Erlebnis) entrelaçando-as com narrativa, temporalidade e modernidade. A intenção será investigar como estas questões permeiam Grande sertão: veredas e pensar se, a exemplo de Proust e Baudelaire, Rosa conseguiu se aproximar da possibilidade de construir a experiência (Erfahrung) através de sua prosa poética, de acordo com os conceitos benjaminianos contidos nos ensaios em questão. A partir das diversas afinidades eletivas identificadas entre Rosa e Benjamin, também se pretende imaginar se Rosa poderia ser mais uma estrela na constelação de escritores sobre os quais Walter Benjamin escreveu. Afinal, como se verá, Rosa e Benjamin são dois místicos e míticos escritores que colocam a linguagem acima de tudo e a literatura como meio para explorar questões filosóficas e metafísicas.
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura
Dos muitos temas que poderiam ser ressaltados a partir da obra, um chamou mais atenção: a temática do tempo. As questões gerais que irão orientar esta tese giram em torno da temática do tempo, bem como em torno daquilo que se relaciona com as questões do tempo na obra Grande Sertão: Veredas. Quais sejam: o que é o tempo, na obra? O que diz o tempo na obra? Como ele se realiza? Em virtude do quê o tempo é tempo em Grande Sertão: Veredas? Como a narrativa se oferece a uma interpretação temporal? Todas essas questões visam explicitar o que vem a ser a vida do homem enquanto destino de existência, destino de liberdade e ação, em uma palavra, destinação. No caso de Riobaldo, seu destino foi permeado pelo medo e pela coragem. Assim, medo e coragem também constituem a temática da temporalidade em Grande sertão: veredas. Tudo isso perfaz a destinação do homem enquanto um acontecimento extraordinário. Resguardar a realização desse acontecimento é tarefa de todo homem e isto é o que pretendemos demonstrar como sendo a travessia de Riobaldo.
A extensão do romance Grande sertão: veredas, a não-linearidade, fundamentalmente na parte inicial, as inserções das narrativas de enclave, a voz de um narrador que fala de si próprio e que, na tentativa de refletir sobre a existência, profere um discurso cheio de incursões ao passado são fatores atrelados ao desafio do processo de adaptação. Nos direcionamos para o movimento em direção ao passado e em direção ao futuro, sobre o qual está alicerçado o romance, apontando a existência de diferentes “graus” de passado e da inserção de tempos independentes através das narrativas de “enclave”. Romance, minissérie e roteiro são nossos objetos de pesquisa centrais durante o desvelamento das técnicas empregadas na combinação dos diferentes tempos das narrativas literária e televisual. Muitas outras linguagens entram em consonância no processo de adaptação: a linguagem da câmera com suas angulações e movimentos, a linguagem falada, a linguagem corporal, a linguagem musical, a linguagem icônica, os ruídos e os efeitos sonoros. Para a análise das sequências da minissérie, selecionadas e analisadas comparativamente às sequências literárias, também levaremos em consideração os estudos de Linda Cahir (2006), Julie Sanders (2006), Mireia Aragay (2005) e Sarah Cardwell (2002).