O artigo apresenta uma investigação sobre a influência da filosofia existencialista na construção de uma personagem da literatura brasileira. A personagem escolhida é Augusto Matraga do conto “A hora e vez de Augusto Matraga” da obra Sagarana de Guimarães Rosa. Através de uma pesquisa bibliográfica far-se-á a análise dessa influência na construção da personagem. Partindo do pressuposto que ninguém nasce pronto e acabado, e, que assim como o ser humano é um projeto em construção, a personagem Matraga traz em si características que muito a aproxima da filosofia existencialista. Observa-se que
Rosa estabelece um diálogo entre a literatura e filosofia. Tal fato vem reforçar a importância do conhecimento filosófico na compreensão da obra literária do autor. Ao mesmo tempo vê-se como pertinente que o professor de filosofia dialogue com os demais professores na tentativa da interdisciplinaridade, o que poderá ser muito produtivo na aquisição do conhecimento.
O diálogo entre o tempo e o ser se dá originalmente nas estórias rosianas com as personagens infantis e anciãs. Tanto a criança quanto o idoso torna-se singular na narrativa. O tempo cronológico não cerceia a personagem rosiana, pois, a limitação da existência não decorre através de faixa etária, de mesmo modo, não há predileção por uma fase da vida nas estórias rosianas, não há infantilização da criança. No conto "As margens da alegria, a infância é apresentada como tempo de descobertas e aprendizagem. O "Menino" que parte de casa para a visita à cidade grande, com os tios, deixando um mundo vivido e sua mãe, para um mundo a ser descoberto.
O presente artigo procura discutir as noções de SER e de TEMPO na relação
dialógica entre cultura e linguagem nos contos Sorôco, sua mãe, sua filha, de João Guimarães
Rosa e A Carta, de Mia Couto. É uma busca de análise comparativa na qual procuramos
identificar os elementos convergentes entre as duas obras. Metodologicamente fizemos uma
abordagem teórica a partir de Heidegger (1997), Bakthin (2000) e Said (1993). A abordagem
filosófica pautada na abordagem teórica e cultural possibilita a percepção de nuances nos
contos que apontam para diferentes vozes que se sobrepõe e ao estatismo da narrativa.
Conclui-se que, tanto Rosa, quanto Couto, mesmo separados, conseguiram imprimir um
caráter altamente filosófico em seus contos e trouxeram discussões importantes sobre a
relação do ser e do tempo presentes na literatura.
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura
Dos muitos temas que poderiam ser ressaltados a partir da obra, um chamou mais atenção: a temática do tempo. As questões gerais que irão orientar esta tese giram em torno da temática do tempo, bem como em torno daquilo que se relaciona com as questões do tempo na obra Grande Sertão: Veredas. Quais sejam: o que é o tempo, na obra? O que diz o tempo na obra? Como ele se realiza? Em virtude do quê o tempo é tempo em Grande Sertão: Veredas? Como a narrativa se oferece a uma interpretação temporal? Todas essas questões visam explicitar o que vem a ser a vida do homem enquanto destino de existência, destino de liberdade e ação, em uma palavra, destinação. No caso de Riobaldo, seu destino foi permeado pelo medo e pela coragem. Assim, medo e coragem também constituem a temática da temporalidade em Grande sertão: veredas. Tudo isso perfaz a destinação do homem enquanto um acontecimento extraordinário. Resguardar a realização desse acontecimento é tarefa de todo homem e isto é o que pretendemos demonstrar como sendo a travessia de Riobaldo.
O que procuramos quando estamos diante do espelho? O faríamos diante de um espelho sem a imagem que esperaríamos encontrar? Na literatura isso é bastante recorrente. Este trabalho se ocupa com três exemplos nos quais não apenas a questão do espelho é discutida, mas a questão da perda do reflexo como questionamento do Ser. Nas obras homônimas “O Espelho”, de Machado de Assis e Guimarães Rosa, além de “O Reflexo Perdido” (Das Verlorene Spiegelbild) (1815), do escritor alemão E.T.A. Hoffmann, observamos a dinâmica dos espelhos enquanto questão. Na verdade, o percurso dos personagens aparecem no reflexo perdido de cada um: na ausência de suas imagens passam a questionar sua existência. É aí que então, cada um deles encara o seu desdobramento de uma maneira diferente, mas todos através do diálogo. Note-se que quando os personagens perdem seus reflexos, o real, que se dá como realização de mundo, sentido e verdade, se perde. E o que vem a ser mundo sentido e verdade? São questões, e como tais, se manifestam enquanto se retraem tornando-se assim necessária a busca, o percurso. O mundo é a realidade se dando como sentido e quando isso é rompido, este se perde. Diante do espelho o homem se vê um monstro ou uma imagem desfigurada, ou não se vê. Essa quebra de seu mundo, que é aquilo que ele tem por verdade, de repente se esvai, e assim se abre a questão do que é mundo, sentido e verdade, e o que é o homem diante de tudo isso.