Esta dissertação propõe hipóteses para se estabelecer relações entre alguns contos que compõem a primeira obra publicada por João Guimarães Rosa, Sagarana, e as duas versões de ilustrações que para ela foram feitas pelo gravador e ilustrador Poty Lazzarotto. Com o objetivo de expor como a crítica literária brasileira dos decênios de 1940 e 1950 entende a obra de João Guimarães Rosa, no primeiro capítulo analisa-se a recepção crítica das três primeiras obras publicadas pelo autor; o segundo capítulo trata da recepção crítica da obra de Poty Lazzarotto, evidenciando como esta crítica se ocupa apenas da construção de uma biografia estereotipada do artista, sem propor reflexões sobre sua obra; no terceiro e último capítulo, apresentam-se hipóteses que possibilitam relacionar alguns dos contos de Sagarana, de Guimarães Rosa, e as duas versões de ilustrações feitas por Poty Lazzarotto para esta obra.
Em 1956 e 1964, o artista plástico Poty Lazzarotto ilustra as capas Corpo de baile, obra do escritor mineiro João Guimarães Rosa. A articulação entre palavra e imagem, ou melhor, entre o texto rosiano e o desenho de Poty é a questão central desta pesquisa. A partir do conceito de tradução intersemiótica, cunhado por Roman Jakobson e discutido no âmbito da arte contemporânea por Júlio Plaza, é possível pensar a tradução para além dos limites da língua, alcançando outros horizontes de linguagens. O conceito de tradução intersemiótica refere-se ao processo de interpretação de um sistema sígnico em outro, ou seja, a tradução criativa de um sistema de linguagem para outra. Neste estudo, debruçamo-nos sobre a obra Corpo de baile, produzida pela Livraria José Olympio Editora, sobretudo a primeira edição, publicada em 1956, inicialmente em dois volumes; e a terceira edição, em 1964, dividindo a obra desde então em Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém; e Noites do sertão. Sublinhamos as aproximações e afastamentos entre a palavra e a imagem a fim de discutirmos os aspectos plásticos e textuais nessas duas narrativas, tanto escrita quanto imagética. Corpo de baile é composto por sete novelas que convergem entre si, estórias que contam estórias. A partir do deslocamento de personagens e estórias que se cruzam, alguns autores percebem unidade nesta narrativa. Entendemos que a unidade neste texto rosiano ganha dimensão plástica nas imagens de Poty, que propõem novas formas de interpretação e diálogo.