O artigo propõe discutir como aspectos de narrador e linguagem podem aproximar leitor e personagem e como podem, consequentemente, alcançar aquilo que Candido chamou de função humanizadora da literatura. O artigo propõe uma leitura de “São Marcos”, conto de Sagarana, e “Campo geral”, novela de Corpo de baile.
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa
Este trabalho propõe uma leitura dos aspectos estruturais de narração, construção de personagens e enredo a partir de uma perspectiva que os considera como dados essenciais para aquilo que Rancière (2004) chamou de política da literatura. Os textos escolhidos, A hora e a vez de Augusto Matraga, de Sagarana, e Buriti, de Corpo de baile, foram considerados dentro de uma tradição brasileira da fala sobre um outro cultural, presente desde os românticos até os modernos. Tentou-se compreender como as inovações estruturais principalmente a reformulação do discurso indireto livre podem ser lidas como mais ou menos democráticas, a partir de uma reflexão sobre a partilha do sensível (Rancière, 2005) e a letra muda (Rancière, 2004).