“O oficio de traduzir Guimarães Rosa: estudo de processos neológicos em Gran sertón: veredas” é uma pesquisa em andamento aprovada em 2011 no Curso de Mestrado em Letras/ UFPA, que recebe financiamento CAPES e tem como objetivo analisar a relação entre tradução e criação literária em processos neológicos existentes em Gran Sertón: veredas, tradução para o castelhano do romance de João Guimarães Rosa. Baseia-se em Walter Benjamin (1992) e Haroldo de Campos (1977) sobre tradução e Evanildo Bechara (2006) e Ieda Alves (2004), acerca de processos neológicos. Escolhem-se os dois primeiros para demonstrar a relação criativa existente entre literatura e tradução. Sobre processos neológicos, Bechara e Alves contribuem para a compreensão e tipificação do conceito, o que favorecerá o paralelo entre criação lexical e literária. A metodologia do trabalho compreenderá as seguintes estapas: Estudo bibliográfico no qual se fará um recorte acerca da relação entre literatura e tradução presente em Walter Benjamin e Haroldo de Campos. Posteriormente, selecionar-se-ão, em Gran Sertón: veredas, os neologismos que comporão o corpus da pesquisa. Em seguida, investigar-se-ão quais processos neológicos se encontram na obra de chegada. Então, analisar-se-ão as implicações entre criação literária e tradução quanto aos processos neológicos presentes Gran Sertón: veredas (1975).
A comunicação visa a apresentar elementos que interessam à história da tradução da obra rosiana. Trata-se de focalizar as traduções para o castelhano realizadas por Àngel Crespo, bem como fornecer dados que testemunham o diálogo estabelecido entre os dois escritores, tendo por base a correspondência inédita entre Àngel Crespo e Guimarães Rosa (conservada no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidadede São Paulo), um longo depoimento da viúva do poeta e tradutor espanhol, Pilar Gómez Bedate (sobre a viagem que ambos rea lizaram ao Brasil em 1965), além de trecho do diário inédiro de Crespo que elatambém nos facultou.
Este artigo tem como objetivo pensar a experiência tradutória de Ángel Crespo, tradutor de Grande
sertão: veredas (1956) para o espanhol, em sua relação com a ética da tradução proposta por Antoine Berman. Ao lado disso, busca-se também dimensionar o alcance político de Gran sertón: veredas (1967) e da atuação de Crespo como diretor da Revista de Cultura Brasileña, utilizando-se das reflexões de Barthes e Didi-Huberman, acerca do potencial político da linguagem e da experiência.
Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras
Esta dissertação discute a tradução no horizonte da indecidibilidade. Se, em geral, a tradução pode ser entendida como uma atividade fundada na tomada de decisão, este trabalho busca questionar o pressuposto de que a decisão caracterizada como a melhor ou a mais adequada seja de fato capaz de resolver, em definitivo, um problema de tradução, estigmatizando, nesse mesmo movimento, todas as outras possibilidades de decisão como hierarquicamente inferiores (piores, menos adequadas, inadequadas). Em seguida, buscamos redimensionar a noção de decisão (na tradução) à luz da noção de indecidível, de Jacques Derrida, com o objetivo de repensar as consequências desse redimensionamento sobre o modo como lemos um texto traduzido. Desse movimento, apresentamos uma leitura de dois textos críticos sobre a obra Gran Sertón: Veredas (1967) tradução espanhola do romance roseano realizada pelo poeta e tradutor Ángel Crespo, nos quais se pode ler as consequências de uma crítica de tradução baseada no pressuposto da melhor decisão, e que, nessa perspectiva, invalidaram a tradução espanhola por considerá-la um projeto falho e inadequado. Ao final, propomos a leitura de um poema da mesma obra traduzida por Crespo, destacando os diferentes modos como a questão da indecidibilidade impacta em sua leitura.
Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução
A presente pesquisa tem como objetivo apresentar uma análise dos aspectos linguísticos do estilo de Guimarães Rosa: lexicais, sintáticos, morfológicos e retóricos, e poéticos representados através das particularidades da linguagem diferenciada em Grande Sertão: Veredas, e nas soluções encontradas pelos tradutores. O autor eleva o nível do puramente discursivo a um degrau superior da expressividade com a utilização de recursos estilísticos, as figuras de lingua-gem; essas construções revelam-se diferenciadoras com respeito à prosa tradici-onal. O processo de criação de palavras e a renovação de outras já em desuso, a inclusão de um novo significado em termos já existentes ou procedentes de outras línguas, ou seja, ressemantização, os denominados neologismos que fazem parte importante da obra do romancista. A sintaxe é, sem dúvida, a con-tribuição estilística mais original e diferenciada, com raiz na oralidade do sertão mineiro e na pena criativa do escrito. Na sequência, analisam-se as soluções encontradas pelos tradutores ao viés das reflexões tradutórias de Antoine Ber-man e F. Schleiermacher. O corpus constitui-se do romance e das duas tradu-ções para a língua espanhola: a primeira versada pelo poeta espanhol Ángel Crespo, publicada com o título Gran Sertón: Veredas, em 1967; foi selecionada para esta pesquisa a segunda edição de 1982. A retradução ao espanhol foi realizada pelos professores argentinos Florencia Garramuño e Gonzalo Aguilar e publicada em 2009, com o mesmo título: Gran Sertón: Veredas; foi escolhida para o presente trabalho a edição de 2011.
Esta comunicação tem como objetivo pensar a experiência tradutória de Ángel Crespo, tradutor de Grande sertão: veredas para o espanhol, em sua relação com a ética da tradução proposta por Antoine Berman. Ao lado disso, busca-se também dimensionar o alcance político de Gran sertón: veredas e da atuação de Crespo como diretor da Revista de Cultura Brasileña, utilizando-se das reflexões de Barthes e Didi-Huberman, acerca do potencial político da linguagem e da experiência. Para isso, tomam-se textos escritos pelo próprio tradutor e leituras críticas sobre sua tradução, são eles: a “Nota do Tradutor” (1975), que compõe o volume de Gran sertón: veredas, e o artigo “Proshomenaje introductório” (1967), ambos escritos por Crespo. E, quanto às leituras críticas, utilizam-se os artigos: “Recepción en España de Gran sertón: veredas” (2007), de Antonio Maura e “A recepção de Guimarães Rosa na Espanha: a Revista de Cultura Brasileña” (2009), de Pilar Gomes Bedate. Observa-se que Crespo decidiu-se por uma ética positiva apesar do cenário conturbado enfrentado pela Espanha durante a segunda metade do século XX.