O artigo objetiva compor um retrato de Roland Barthes com base em duas obras suas: Câmara clara e Sur Racine. Mais propriamente a partir de fotografias publicadas pela primeira obra. Vale-se como ponto de partida da leitura que delas fizeram outros estudiosos, para, em seguida relacioná-las a fotos do próprio Barthes. Para completar esse retrato, o artigo o aproxima de um conto de Guimarães Rosa: “Nada e a nossa condição”.
Roland Barthes é considerado o pai da nova crítica literária. Seus postulados visam a pluralidade de interpretações do texto literário, bem como o papel ativo do leitor. Além disso, o autor trata do texto de prazer e fruição, sendo este o texto que desestabiliza o leitor e aquele texto que causa prazer. Nesse sentido, o presente artigo busca realizar uma leitura guiada pelos preceitos do pósestruturalismo, especialmente os postulados de Barthes e de Belsey, com a questão do texto interrogativo. Para tanto, escolhemos o conto "O Espelho", de Guimarães Rosa, visto que acreditamos ser possível ler esse texto através da ótica das teorias mencionadas.
Faculdade de Letras, Departamento de Lingüística e Filologia
A análise textual fundamentada nos princípios metodológicos de leitura propostos por Roland Barthes. A importância do estudo do texto na obra de Barthes, suas características principais, o texto como processo de escritura, resultado da interação escritor/leitor; o texto plural. A escritura curta, estratégias dos fragmentos. Estrutura e estruturação: a análise estrutural da narrativa, regras funcionais de recorrência e sistematicidade, a procura de unidades sintáticas e semânticas mínimas responsáveis por uma rede de significação hierarquizada; a análise textual, mecanismos de produção do texto enquanto processo de escritura e significância. Releitura do conto Sarapalha de Guimarães Rosa, o estudo das lexias, as conotações, interrelação de códigos, a estruturação da leitura.
Em “O Prazer do Texto”, Roland Barthes elege ‘uma certa arte da melodia’ como ‘estética do prazer
textual’ e atribui ao cinema a capacidade de resgatá-la em sua melhor ‘performance’. ‘A escritura
em voz alta’, identificada por Barthes, será analisada nas adaptações de “Os Irmãos Dagobé”,
de Guimarães Rosa, em “A Terceira Margem do Rio”, de Nelson Pereira dos Santos, e “Outras
Estórias”, de Pedro Bial. A obra de Rosa, basicamente auditiva, que não prega a continuidade
e que faz da linguagem ‘o espetáculo’, encontra ressonância nestes filmes? A noção de fidelidade
ao original, abordada a partir de paradigmas que consideram as especificidades de cada meio, será
o mote para desmistificar preconceitos sobre a relação entre literatura e cinema. Afinal, o texto
literário pode ser atualizado e/ou melhorado por uma ‘transubstanciação’ audiovisual?