O objetivo deste artigo é analisar o conceito de angústia de Kierkegaard a partir do personagem Riobaldo em Grande Sertão: Veredas. A angústia é uma qualificação do espírito que sonha; sonhando, o espírito projeta sua própria realidade efetiva, mas esta realidade nada é, porém este nada perturba o homem que, na inocência, vê-se continuamente fora dela. A angústia é a realidade da liberdade como possibilidade antes da possibilidade. Diz Kierkegaard que o desejo desperta a proibição e esta gera angústia. Porém, a ameaça do castigo desperta uma representação assustadora, ou seja, a consequência. Assim, nesta análise filosófica é relevante observar a identificação do existencialismo na obra, bem como identificar o conceito de angústia no personagem Riobaldo, nele o sofrimento do ser humano perante os desejos, suas angústias, seus sonhos, medos, a necessidade de entender sua culpa e as consequências de suas escolhas. O amor infeliz por Diadorim, o desejo despertado pela concupiscência, a tentação da possibilidade e a superação no encontro com a paz no estágio religioso. Um vasto campo do existencialismo é identificado em Grande Sertão: Veredas: o conflito interior, angústias, bem e mal, Deus e o Diabo, fé, desejos, culpa e pecado. O humano é ser no mundo, e o que existe é o homem humano.
Este artigo procura, por meio da interpretação de parte da obra de Kierkegaard, estabelecer um estudo comparativo entre a obra de dois autores: E.T.A. Hoffmann e Guimarães Rosa. Partindo da concepção das figuras estéticas kierkegaardianas, pretende-se uma análise do percurso das personagens centrais de cada texto.
ste artigo procura, por meio da interpretação de parte da obra de Kierkegaard, estabelecer um estudo comparativo entre a obra de dois autores: E.T.A. Hoffmann e Guimarães Rosa. Partindo da concepção das figuras estéticas kierkegaardianas, pretende-se uma análise do percurso das personagens centrais de cada texto.
Esta dissertação propõe-se a analisar ressonâncias da filosofia de Søren Kierkegaard na literatura de João Guimarães Rosa, abordagem ainda carente na fortuna crítica do literato. A hipótese da plausibilidade de aproximação entre os dois autores pauta-se por registros de Rosa em cartas e entrevistas a respeito de seu interesse pessoal por Kierkegaard, também demonstrado pela presença de obras do filósofo e de um livro sobre a língua dinamarquesa em sua biblioteca pessoal. Somado a isso, são dois os pontos fulcrais para a aproximação de ambos: a preocupação com o Indivíduo e a importância que a religião possui tanto em suas vidas quanto para a elaboração de suas obras. A partir disso, optou-se pela análise de cinco narrativas de Primeiras estórias, a saber: As margens da alegria, Os cimos, A menina de lá, A terceira margem do rio e O espelho, nas quais foram analisados os protagonistas com o objetivo de demonstrar em que medida cada um representaria os estágios da existência teorizados pelo pensador dinamarquês: estético, ético e religioso. Após a análise, identificou-se o Menino de As margens da alegria e Os cimos, juntamente de Nhinhinha de A menina de lá, com o esteta kierkegaardiano. Ao estágio ético, pertence o narrador de A terceira margem do rio, e ao religioso pertencem tanto o pai de A terceira margem do rio quanto o narrador de O espelho. Sobre essa última personagem, vale a ressalva de que, dentre os elencados para esse trabalho, é o único que percorre os três estágios, de modo a completar seu movimento de subjetivação existencial.