A partir de uma discussão sobre a morte, o artigo analisa algumas imagens inspiradas na literatura de Guimarães Rosa que estão presentes em outras linguagens artísticas. São apresentadas as leituras dos textos rosianos realizadas pela fotógrafa Maureen Bisilliat e pelos cineastas Marcello Tassara, Roberto Santos e Glauber Rocha.
O PRESENTE ESTUDO SE UTILIZA DA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA FEITA POR ROBERTO SANTOS DO CONTO “A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA”, DE GUIMARÃES ROSA, PARA REFLETIR SOBRE QUESTÕES LIGADAS NÃO SOMENTE ÀS RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS QUE DECORREM DE TAL EMPREITADA, MAS TAMBÉM PARA SUSCITAR QUESTÕES PRÓPRIAS À CONDIÇÃO DAS ARTES CINEMATOGRÁFICA E LITERÁRIA, REFLETINDO SOBRE A FORMA COMO ESSAS ARTES SE PRESENTIFICAM NO MUNDO E SOBRE A CONDIÇÃO DE SEUS RESPECTIVOS RECEPTORES, O ESPECTADOR E O LEITOR.
Partindo do estudo da adaptação cinematográfica feita por Roberto Santos do conto "A hora e vez de Augusto Matraga", de Guimarães Rosa, este estudo pretende apreender e tornar inteligíveis noções profundas que permeiam a dinâmica existente entre os meios literário e fílmico. Para tanto, serão abordados aspectos referentes às relações entre cinema e mundo, tais como sob que condições se deu o advento do cinematógrafo, o que ele representou para as populações citadinas que o receberam, de que modo a reprodução da imagem em movimento influenciou as outras artes e foi influenciada por elas, etc. Aspectos mais formais do cinema também ganham destaques para que, uma vez estudados, possam nos dar a dimensão de algumas das possibilidades de "manejo técnico" do cineasta numa situação de adaptação de uma obra literária, revelando algumas das dificuldades inerentes a este processo. Questões específicas como as de enquadramento e voz ou foco narrativo central, as estratégias de adaptação do narrador e do estilo e as instâncias de ativação do imaginário no receptor também serão abordadas, a fim de esclarecer certas especificidades da linguagem fílmica. O conto rosiano ganha destaque através de uma análise de sua composição formal e temática, ressaltando questões estilísticas próprias do universo e da poética do autor. Partindo dessa leitura, discutir-se-á com mais propriedade o filme A hora e a vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos, realizado no ano de 1965. Refletir sobre o que cada uma dessas artes é capaz de provocar no imaginário do fruidor e tentar enxergar para que "lugar" essas produções o transportam é uma das tarefas que este trabalho também se propõe realizar.
Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes. Curso de Pós-Graduação em Letras
Este trabalho contemplou o cotejo de duas obras homônimas: A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA. O conto, escrito por Guimarães Rosa e publicado em 1946 (SAGARANA) e o filme de Roberto Santos, de 1965. Procuramos estabelecer um diálogo entre as obras, fazendo emergir as conjunções: a estrutura narrativa, as personagens e a ambigüidade da personagem de Nhô Augusto; e as disjunções: o caráter fantástico em Guimarães Rosa e o despojamento e a crítica à religião em Roberto Santos.
A presente dissertação tem como objetivo apresentar uma releitura do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, publicado em 1946, no volume Sagarana e o filme homônimo de Roberto Santos, lançado em 1965, relacionando-os aos quatro elementos: fogo, água, ar e terra. Utilizamos como base teórica o filósofo Gaston Bachelard e suas obras que contemplam os quatro elementos, teoria que será utilizada na parte analítica para validar o estudo do conto selecionado, nos quais será investigada a presença dos quatro elementos estudados pelo filósofo. Nosso propósito também é refletir sobre como é possível o diálogo entre cinema e literatura, duas formas no processo criativo das narrativas literária e fílmica. Para este trabalho foram utilizadas fontes diversificadas como a bibliografia correspondente ao tema, periódicos em geral e filmes, mencionados no corpo desta dissertação. Como resultado, o estudo elucida o uso dos elementos do universo roseano na construção das obras analisadas e estabelece os pontos de junção e disjunção entre a literatura e o cinema.