O romance Nhô Guimarães, de Aleilton Fonseca, é uma homenagem a
Guimarães Rosa, conforme indicação na capa do livro. A narrativa é construída a partir
das lembranças e recordações de uma narradora sertaneja octogenária que, por meio da
linguagem oral, presentifica o passado. A partir de reflexões sobre o papel da memória,
busca-se fazer uma análise do sertão como “lugar da memória”, termo criado por Pierre
Nora, e das lembranças de velhos como perpetuadoras da história, estabelecendo um
diálogo com a obra Memória e sociedade, de Ecléa Bosi.
Esse artigo realiza uma leitura da representação do espelho nos contos
homônimos de Machado de Assis, Guimarães Rosa e José J. Veiga, a fim de evidenciar
a dicotomia entre instrumento do autoconhecimento e de afirmação da vaidade. Dessa
forma, no conto de Machado, o autoconhecimento conclui o caráter dominante da alma
exterior. Rosa desenvolve o resgate do ser escondido atrás das máscaras da aparência, a
definição da identidade pela alma interior. J. J. Veiga, por sua vez, desloca o foco
narrativo para o objeto, mostrando-o capaz de revelar a alma interior. Logo, considerase
que o espelho expõe o desdobramento do sujeito entre corpo e consciência de si.
O presente artigo busca uma apreensão distinta da ideia de sertão em Grande sertão: veredas. Se sertão é comumente associado a um espaço geográfico delimitado, possibilitando um estudo regionalista do romance em questão, nesse estudo busca-se compreender o sertão, não como um espaço físico, mas como um equivalente à ideia de mente. Pretende-se entender, portanto, de que forma a travessia em Grande sertão se equipara a uma viagem pela mente. Se sertão e mente se tornam intercambiáveis ao longo do romance algumas outras questões se abrem para a discussão, tais como a questão do pacto de Riobaldo.