Este trabalho pretende examinar três contos de Guimarães Rosa, "O mau humor de Wotan", "A senhora dos segredos" e "A velha", utilizando a categoria do testemunho. O contexto do nazismo é relacionado com o comportamento de personagens femininas.
Este artigo tem como objetivo mostrar as relações que João Guimarães Rosa
travou com a família judaica de Israel Klabin. A partir das correspondências entre Rosa
e Klabin e de uma entrevista realizada por mim, intento demonstrar o filossemitismo
de Rosa. Além disso, com base em documentos, livros e pesquisas, discuto o
conhecimento e a atuação de Rosa na emissão de vistos para judeus durante seu
período na Embaixada Brasileira em Hamburgo.
O trabalho apresenta uma leitura do romance de Guimarães Rosa de 1956 do ponto de vista de uma série de topoi desenvolvidos dentro da teoria da confissão e do testemunho: Riobaldo testemunha passagens de sua vida diante de um ouvinte/dos leitores. A violência do sertão, derivada em parte do jogo entre a anomia e a lei da força, desdobra-se nas angústias derivadas do amor impossível por Diadorim. Como em muitos textos de forte ?teor testemunhal?, a fragmentação da memória e a sua espacialização guiam o fluxo da narrativa. Constrói-se ao longo do livro uma ?topografia da memória?, que é lida como uma encenação de uma memória do trauma. Oscilando entre testemunho e confissão, o texto permite uma leitura do trabalho literário funcionando como a encenação de um teatro da memória da ?catástrofe?. O tema da relação intrínseca entre lei e violência, assim como o espetáculo do corpo em dor, também presentes no livro, são outras características de atos testemunhais. Apresenta-se também o elemento falocêntrico do testemunho e da confissão atuando no romance. Mostra-se como tudo fica muito mais interessante ao vermos estes topoi atuando dentro de um texto sofisticado de ficção, que também os transforma.
Este trabalho propõe um estudo comparativo entre Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa, e a historiografia de Eric Hobsbawm, enfeixada em títulos como Bandidos (1969) e Era dos Extremos (1994). No presente exame espera-se demonstrar como a história do Ocidente no século XX infiltra-se na particular inscrita nas páginas desse autor brasileiro e em seu remoto sertão caracterizado pelo
protagonista Riobaldo como sendo o próprio mundo. Este espaço geográfico se erige tal qual uma metonímia de todos os lugares, expressão do conceito de "aldeia global" cunhado por McLuhan (1911-1980) e distante, por assim dizer, de uma espécie de saudosismo sertanejo. Exemplos dessa ressonância da história ocidental abundam nesse romance como os grandes fenômenos apontados por Hobsbawm vivenciados no século passado: a emancipação feminina e a crítica aos modelos liberais, os quais originaram os grupos de bandidos sociais e as práticas de barbárie por estes cometidas que forjaram em algumas regiõe
A abordagem do trabalho será uma interpretação existencialista da crônica "O mau humor de Wotan" presente na obra Ave, palavra (1970) de João Guimarães Rosa (1908-1967). A análise existencialista será feita com base no livro o Ser e o nada (1943/2007), de Jean-Paul Sartre. Tratar-se, no texto, de abordar as condutas de má-fé [mauvaise foi] e de liberdade [liberté] do casal Hans-Helmut Heubel e Márion Madsen e do Narrador (Guimarães Rosa ficcionado) no contexto de guerra com base na analise desses personagens serão expostas as imagens literárias que clarificam as noções de má-fé e
liberdade na consciência, que é o conceito de homem do filosofo francês, embora, cada um dos personagens em questão tenha um diferente posicionamento sobre o nazismo, como Hans-Helmut, que representa o cidadão alemão que reconhece as atrocidades do nacional socialismo, mas não quer a derrota de seu país; Márion, que se dispõe a agir com prudência aderindo às normas do partido alemão e o Narrador que se coloca
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