O olhar português sobre o Brasil incita nosso imaginário, seja sobre questões iluminadoras ou ressentidas entre as duas nações. Vários ensaios de Eduardo Lourenço na obra A nau de Ícaro debruçam-se sobre essas questões. Dentre essas, a leitura de “Guimarães Rosa e o terceiro sertão” proporciona esse olhar do crítico português inicialmente sobre um momento considerado fundamental para a independência de nossa literatura: a semana de Arte Moderna de 1922. Adiante, relaciona esse acontecimento a obras fundamentais que focam o espaço conhecido como sertão, misto de espaço físico e construção imaginária-simbólica. Será na obra de Guimarães Rosa que essa construção será conduzida à hora zero, termo do utilizado pelo crítico para anunciar a importância da obra roseana.
Este artigo parte de um estudo realizado no arquivo de João Guimarães Rosa, no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP). Nele, a forma literária é percebida como uma tomada de posição que supõe um posicionamento do escritor no interior das contradições do processo social. Nesse sentido, defendo a ideia de que, em “Meu tio o iauaretê”, a conversa desnivelada, padrão narrativo também pre- sente em outros textos do autor, ataca a questão da desigualdade bra- sileira, representando-a.
Este artigo visa apresentar algumas considerações sobre o mito do pacto em Grande Sertão: Veredas. Percorrendo desde a origem do mito fáustico, procuro analisar alguns elementos que revelam o caráter mágico do texto, tais como as ilustrações cabalísticas, os símbolos astrológicos, e algumas das leis do ocultismo, tendo como referência a Filosofia Hermética e a Síntese da Doutrina Secreta,
de Helena Blavatsky.
Esta análise da recepção de Grande sertão: veredas no Brasil reflete sobre procedimentos e resultados de uma parcela de sua fortuna crítica: aquela em que se engendram interpretações do
romance de Guimarães Rosa nas quais é posta em discussão alguma possibilidade de vínculo entre a configuração estética do livro e processos políticos e sociais vividos no país.
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