Valdomiro Silveira reduz sua narrativa "Salvação" à história de animais, sem ser uma fábula, e inclui-se no conjunto de obras que, para evitar a explicitação do erotismo, encobre o amor com medo. "A hora e vez de Augusto Matraga" não camufla o erotismo e dá sentido à personagem e ao texto, aproveitando como forma a saga nordestina (cordel), a história de vida de santos, o tema do "Judeu Errante" e a parábola. A força dos contos de Sagarana advém do sistemático aproveitamento dos pequenos gêneros, que se encontram na oralidade e que servem de base tanto para a produção, como para a recepção de textos ou de enunciações. A oralidade, que serve para mostrar o caipira de espiritualidade profunda, é também recurso manutensor do segredo religioso.
Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Rio Claro
Este trabalho procura refletir sobre as representações das paisagens rurais nos textos narrativos estrangeiros e nacionais para pensar as mudanças sociais engendradas na transição ruralidade/modernidade. Nesse sentido, tratou-se de as objetivar e interpretar como fatos sociais que são, levando-se em conta os diferentes processos simbólicos de que resultaram os textos literários em questão. Pensando primeiro na noção durkheimiana de construção social de significados e símbolos, na auto representação relacional da sociedade com seu meio, objetivamos e interpretamos os fatos sociais de acordo com as diferentes abordagens das Ciências Humanas para pensar os processos socioculturais e históricos dessa relação. Dessa forma, o conceito cosgroviano de paisagem, como ideia, é fundamental, pois permite estudar a trama das relações humanas, inscrita num meio natural e cultural. Por fim, refletimos sobre o processo de criação literária de representação dos fenômenos sociais.
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