O estudo focaliza as incongruências e instabilidades com que se constroem os temas da viagem e do amor na novela "Cara-de-bronze", de Urubuquaquá no Pinhém (Corpo de baile). Procura-se demonstrar que, elaborando ambigüidades e promessas de esclarecimentos que nunca chegam, o texto propõe ao leitor o mesmo jogo que envolve as personagens, cuja curiosidade é sempre aguçada em torno do poderoso Cara-de-bronze, agora próximo da morte, desinteres- sado de pragmatismos e poderes e interessado em poesia e suas ?engraçadas bobéias?.
O objetivo desse trabalho é propor uma leitura da novela Cara-de-Bronze de João Guimarães Rosa, focalizando a questão da poeticidade e simbologia adotadas pelo autor a partir da mistura de gêneros e da estilização da linguagem poética, que caracteriza o texto. Nossa intenção é analisar como essas categorias se apresentam no espaço, tempo e personagens da novela, levando em conta a carga simbólica dos nomes dos personagens Grivo e Cara-de-Bronze. Percorremos a viagem do Grivo como uma metáfora da busca do homem pela poesia e sentido para sua existência. Para isso, fizemos uma análise utilizando as considerações de Rosenfeld (1997), sobre o hibridismo de gêneros, os estudos de Tadié (1994) sobre a poeticidade e o dicionário de símbolos de J. Chevalier e A. Gueerbrant (1997) em relação à simbologia.
Este artigo se propõe a interpretar o conto de Guimarães Rosa, ―Cara-de-Bronze‖ a partir das ideias-chave da Teoria Estética de Theodor Adorno. Em seu momento analítico, o texto se deterá: no estudo da relação das partes entre si na composição da unidade do conto; na tensão da literatura com a música e o cinema na construção de sua forma; nas múltiplas técnicas estéticas utilizadas para expressar os enlaces da estória. No momento interpretativo, se orientará pelos seguintes aspectos qualitativos: os elementos miméticos que, como resíduos irracionais e vitais, se instalam no interior do conto: o boi e o buriti; as manifestações de desatinos dos personagens e suas relações com os estratos não-intencionais da obra-de-arte; e os antagonismos da sociedade que se manifestam no transcorrer da narrativa: sua dimensão dissonante, crítica e utópica. E, com fundamento na declaração de Adorno de que ―As obras, sobretudo as de mais elevada dignidade, aguardam a sua interpretação‖, ousam os autores apresentar indícios para desvendar o enigma desse conto-poema, assim como para detectar o conteúdo de verdade que nele se manifesta.
Análise das transposições realizadas, para o vídeo e para o cinema, do conto "Famigerado", de Guimarães Rosa, além da análise da narrativa "Cara-de-Bronze" enquanto texto transemiótico. Para este estudo foram utilizados, sobretudo, os conceitos de transcriação, de Haroldo de Campos, e de transtexutalidade, de Gerard Genette. Também foi feito um lavantamento das transposições realizadas a partir da obra rosiana para o sistema de signos audiovisual um estudo comparativo das linguagens cinematográfica, vídeográfica e televisiva, entre si, e com a linguagem verbal.