Neste artigo, discutem-se aspectos relacionados ao caráter nacionalista da Literatura Brasileira durante o Romantismo e os seus desdobramentos em forma de manifestações literárias regionais. Com base em depoimentos de escritores como Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, José de Alencar, Bernardo Taveira Júnior, Guimarães Rosa e Simões Lopes Neto, procura-se mapear algumas causas para a regionalização da literatura e a transformação da região em uma espécie de pátria dentro da nação. O aporte teórico oriundo da Geografia Cultural contribui para fundamentar a discussão.
Este ensaio analisa o conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, sob a perspectiva da trajetória existencial do protagonista. Busca-se o sentido etimológico da palavra Matraga, o qual é relacionado com a conduta e o caráter da personagem, no contexto regional de que emerge. O estudo apóia-se em dados históricos sobre o coronelismo e o cangaço brasileiro.
Por meio da análise do conto “São Marcos”, da obra Sagarana, de Guimarães Rosa, objetiva-se refletir sobre o modo como a magia molda e constrói perspectivas de fé, crença e tabu na localidade de Calango-Frito, em cujo espaço social são compartilhadas diferentes percepções a respeito do crédito a simpatias e feitiçarias, consideradas aqui como ritos mágicos. Com o aporte teórico principal de Claude Lévi-Strauss (1970) e Marcel Mauss (2003), propõe-se que a magia está arraigada ao oculto e, por vezes, ao inexplicável, fazendo-se presente na cultura popular sertaneja como tradição repassada de gerações anteriores. De um modo geral, as práticas de magia inseridas em “São Marcos” têm papel significativamente social, servindo como recurso alternativo às necessidades mais diversas da comunidade representada por Guimarães Rosa.
Em “Conversa de bois”, oitavo conto de Sagarana, de Guimarães Rosa, percebe-se a ocorrência do fenômeno do duplo: uma instabilidade do Eu que acarreta no surgimento de uma representação corpórea com as características inversas de um personagem. O Outro de Tiãozinho surge, gradativamente, ao longo da narrativa, na figura dos bois que puxam a carroça de Agenor Soronho. O objetivo deste artigo é investigar como ocorre esse processo e analisar as etapas que culminam no duplo. O amparo bibliográfico buscado é oriundo dos Estudos Literários, com autores como Antonio Candido (1989), Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (2017), Walnice Nogueira Galvão (2008), Ana Maria Lisboa de Mello (2000), Mônica Meyer (2008), Otto Rank (2013), David Roas (2014), Clément Rosset (1976) e Irene Gilberto Simões (1998).
Este ensaio tem como objetivo analisar a novela “Duelo”, de João Guimarães Rosa, integrante da obra
Sagarana, a partir da perspectiva do imaginário social e sua relação com a cultura regional. Busca-se evidenciar como a ruptura da instituição casamento afeta o comportamento social das personagens e conduz o sujeito masculino a um processo de animalização e morte fútil. A partir disso, discute-se, também, o modo como a temática abordada inscreve a produção rosiana no universal, transcendendo as fronteiras do meramente regional.
A ficção de João Guimarães Rosa notabiliza-se por sua capacidade de recorrer a sujeitos deslocados e incomuns sob diversos aspectos, construindo tramas nas quais personagens ímpares adquirem protagonismo. Dentre eles, no âmbito deste trabalho, ganha destaque Livíria, mulher cujos nomes anagramá- ticos (Rivília, Irlívia ou ainda Vilíria) parecem velar e, ao mesmo tempo, desvelar
sua importância na narrativa do conto intitulado “Desenredo”. Com isso em vista, procura-se lançar luzes sobre os aspectos que fazem que, por um lado, embora a narração confira a Jó Joaquim os papéis de protagonista da história e de autor do “desenredo”, por outro, é Livíria quem protagoniza não um, mas dois triângulos amorosos, e serve de princípio motor à narrativa, subvertendo a estrutura social de uma pequena comunidade interiorana. Nessa linha, o feminino articula-se não como simples pivô da traição, mas antes como elemento primeiro de um caso de amor dominado pela mulher que possuía “o pé em três estribos”.
Este ensaio objetiva analisar dois momentos específicos de uma das maiores obras da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas: a tentativa frustrada de travessia do Liso do Sussuarão perpetrada pelo bando de Medeiro Vaz e, no final da narrativa, o êxito alcançado na mesma empreitada por Riobaldo e seus comandados. Busca-se evidenciar de que maneira as passagens representam a transformação do lugar em espaço, através da ação humana, e propiciam um diálogo entre o regional e o universal.
Este trabalho objetiva analisar o conto “sorôco, sua mãe, sua filha”, de joão
guimarães rosa, integrante da obra primeiras estórias, a partir da trajetória da personagem rumo à
loucura. Busca-se evidenciar como seu percurso marcado pela agonia acaba por fragmentá-la a
ponto de conduzi-la ao reconhecimento da alteridade. A partir disso, examina-se como a temática
abordada inscreve a produção rosiana no universal, sem sair do particular.