Em “Conversa de bois”, oitavo conto de Sagarana, de Guimarães Rosa, percebe-se a ocorrência do fenômeno do duplo: uma instabilidade do Eu que acarreta no surgimento de uma representação corpórea com as características inversas de um personagem. O Outro de Tiãozinho surge, gradativamente, ao longo da narrativa, na figura dos bois que puxam a carroça de Agenor Soronho. O objetivo deste artigo é investigar como ocorre esse processo e analisar as etapas que culminam no duplo. O amparo bibliográfico buscado é oriundo dos Estudos Literários, com autores como Antonio Candido (1989), Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (2017), Walnice Nogueira Galvão (2008), Ana Maria Lisboa de Mello (2000), Mônica Meyer (2008), Otto Rank (2013), David Roas (2014), Clément Rosset (1976) e Irene Gilberto Simões (1998).
Análise comparativa dos contos “O espelho” e “O alienista”, de Machado de Assis, e “O espelho” e “Darandina”, de Guimarães Rosa, com o objetivo de indicar semelhanças e diferenças no trato do tema do duplo, do espelho, da relação entre razão e loucura, dos papéis e máscaras sociais assumidos pelo homem.
Este artigo tem como objetivo fazer uma análise dos contos "William Wilson", de Edgar Allan Poe, e "O espelho", de João Guimarães Rosa, histórias que tratam do intrigante tema da duplicidade humana. O método utilizado para o trabalho baseia-se numa comparação entre os contos, buscando sempre uma reflexão sobre a inegável presença de um “duplo” no personagem narrador, de tal forma que se estabeleça um franco diálogo entre os contos, fixando-se não apenas nos elementos comuns, mas, também, nas suas diferenças. O material utilizado consiste nos contos em questão, textos a respeito do estilo dos dois escritores e no artigo psicanalítico “O estranho”, de Freud. O estudo demonstra como o tema do “duplo” pôde ser explorado de forma original por ambos os escritores, expondo sua genialidade no tema tratado.
O presente trabalho objetiva apresentar uma leitura de “Palhaço da boca verde”, do livro Tutaméia (Terceiras Estórias), sob a perspectiva do duplo. São três os artistas que fazem parte do enredo, compondo a complexa situação de um triângulo amoroso: Mema Verguedo, X. Ruysconcellos e Ona Pomona. Tais personagens – cada qual à sua maneira – são seres cindidos. No que se refere à X. Ruysconcellos, sob a pele do palhaço Ritripas, este procura fugir da realidade. No que diz respeito às figuras femininas, uma atua como o alter ego da outra. Embora X. Ruysconcellos demonstre inicial interesse por Ona Pomona, ao final da narrativa, ele descobre ser Mema Verguedo a sua metade faltante. Neste momento, cada um dos amantes reencontra a sua própria androginia.
O presente trabalho objetiva apresentar uma leitura do conto ?Rebimba, o bom? sob a perspectiva do duplo. Após ficar órfão por ocasião de uma epidemia de varíola, o narrador-personagem desenvolve uma curiosa competência: a memória dúplice. De um lado, ele desfruta da memória de vida. Do outro, ele conserva a memória de morte. Na narrativa, todo o seu itinerário oscilará entre essas duas circunstâncias.
A presente análise visa mostrar que o anônimo narrador do conto “Se eu seria personagem” – presente no volume Tutaméia (Terceiras Estórias) (1967), de João Guimarães Rosa – é um ser duplamente duplo. O amigo Titolívio Sérvulo e a amada Orlanda são as suas faces complementares. Com o primeiro, forma uma dupla de íntimos e rivais. Titolívio é o outro que realiza suas aspirações mais profundas. No que se refere à Orlanda, esta é a metade feminina que lhe falta e pela qual busca ansiosamente. Com ela forma a polaridade necessária à realização do amor.