Os percursos da fortuna crítica acerca da obra de João Guimarães Rosa abarcam temas dos mais variados, que vão da linguística à sociologia, da narratologia ao estudo dos símbolos. O presente artigo aborda a presença de referências budistas na obra do autor mineiro, uma questão ainda pouco trabalhada na literatura brasileira de modo geral. No caso de Guimarães Rosa especificamente, este texto trata especialmente de alguns poemas Magma (1936), de um dos quatro prefácios de Tutaméia (1967), “Aletria e Hermenêutica”, e da narrativa “Cipango”, de Ave, Palavra (1970). A investigação parte tanto de elementos orientais presentes na obra João Guimarães Rosa quanto de indicações sobre o tema na própria fortuna crítica do autor mineiro. O desenvolvimento desse tópico dá-se considerando o que Francis Utéza explicita sobre a elaboração de questões metafísicas-religiosas em textos rosianos, na forma como elas coexistem com componentes regionalistas. Por meio desses três textos citados acima, observa-se que, na literatura brasileira, figuram temas e personagens que podem estar deslocados de sua origem, mas que, na arte de Guimarães Rosa, fazem parte do Brasil.
Magma (1997) é o único livro de poemas de Guimarães Rosa. Sua poesia ainda é pouco estudada pela crítica literária brasileira que, muitas vezes, insiste erradamente em diminuir sua força diante da inegável potência de sua prosa posterior. Seus versos tratam de vários temas, mas em geral revelam o olhar do autor sobre a natureza, sempre tratando as particularidades culturais e étnicas dos povos originários. Esse olhar telúrico apropria-se das formas do romantismo indianista para criar uma poesia legitimamente modernista e que se motiva pelo que chamo de busca antropológica que caracteriza grande parte do pensamento crítico e artístico das décadas de 1930 e 1940 no Brasil.
Duas serão as nossas ocupações no artigo: 1) demonstrar a permanência do Guimarães-poeta de Magma, 1936, na criação da fauna e flora de Sagarana, 1945; 2) explicitar a importância dos trechos paisagísticos para a organicidade dos contos, não podendo ser considerados interrupções, cortes ou entidades de menor valor. São Marcos merecerá uma atenção maior, por deter-se mais na paisagem. Estaremos fazendo referência a outras narrativas do primeiro livro de prosa de Guimarães à medida que encontrarmos nelas exemplos elucidativos. Analisaremos poemas de Magma, apontando como procedimentos poéticos empregados aí pelo autor aparecem de igual modo em Sagarana.
O artigo faz relações entre o pensamento de Schopenhauer e a literatura de Guimarães Rosa a partir das idéias da compaixão e do sofrimento formuladas pelo filósofo alemão.
Leitura de 'Magma', de Guimarães Rosa, com o objetivo de indicar a presença de temas, fragmentos, personagens, expressões e recursos estilísticos ali existentes, em outros textos do autor, cronologicamente posteriores.
Leitura de Magma, de Guimarães Rosa, com o objetivo de indicar a presença de temas, fragmentos, personagens, expressões e recursos estilísticos ali existentes, em outros textos do autor, cronologicamente posteriores.
O atual ensaio busca apontar algumas relações entre a primeira obra de Guimarães Rosa, o livro de poemas Magma, e as fontes da poesia popular, particularmente os "cantos da natureza". Junto com isso o ensaio busca lançar algumas hipóteses sobre o modo como Guimarães Rosa introduziu a natureza em sua obra através dos primeiros exemplos em Magma.
De Magma a Grande sertão: veredas e Primeiras estórias, Guimarães Rosa percorre uma trajetória incomum no panorama da literatura brasileira. Discretamente, ele renuncia às tendências modernis- tas que marcaram a época da sua juventude e sua primeira obra. A partir de Sagarana, dedica-se a uma narrativa que procura conciliar as exigências mais modernas e universais com modelos imaginários e artísti- cos que parece considerar como os núcleos da identidade brasileira. Rastrearemos os atalhos e desvios que levam do Magma poético às veredas romanescas, passando por inúmeras associações híbridas com escritores e pensadores nacionais e mundiais.
Numa passagem de Grande sertão: veredas, Riobaldo fala de uma "sonhice" que teve: "Diadorim passando por debaixo do arco-íris". Vinte anos antes, em Magma, Rosa escreveu um conjunto de sete poemas, cujos títulos denunciam a presença do arco-íris e ativam sentidos que tal fenômeno carrega. Entender alguns destes sentidos, mostrando como as cores funcionam na vida e na lite ratura, é o que quer o prese nte artigo. Para isso, analisam-se o poema "Vermelho" e a referida passagem-sonho como indicadores de um pensamento sobre a sexualidade.
O presente trabalho pretende estabelecer um estudo que relaciona a Crítica Genética e a Estética da Recepção num primeiro momento, projetando o seu resultado sobre a escrita de Magma, livro de poemas de João Guimarães Rosa, numa perspectiva intertextual com William Shakespeare, configurando uma contribuição aos estudos que referendam esta obra de Rosa como um preâmbulo da poética maior do escritor brasileiro.