Ensaio de caráter introdutório à leitura de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, em que se delineiam as principais forças do romance: as referências contextuais (real geográfico), a idealização cavaleiresca (real analógico), as dimensões metafísica (real transcendente) e psicológica (real psíquico).
Este artigo enfoca um episódio de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, no qual o protagonista Riobaldo, então denominado Urutu-Branco, encontra um leproso e sofre a tentação de matá-lo afim de, como ele próprio afirma, "emendar o defeituoso". Esse episódio é exemplar quanto à tematização da culpa relacionada ao corpo; sua análise possibilita inserir esse tema na questão central de Grande sertão: veredas, a da existência (ou não) de Deus e do Diabo.
O trabalho estuda personagens e ação de quatro contos da coletânea Primeiras estórias de Guimarães Rosa, aproximando-os da adaptação dessas narrativas realizada por Pedro Bial no filme intitulado Outras estórias. O objetivo é comprovar a hipótese de que determinados protagonistas dessas composições, de um lado, constituem retomadas de arquétipos fixados no nosso imaginário cultural e, de outro, refletem as condições sociais do país. O elemento principal entre aqueles que Pedro Bial toma para estabelecer a relação entre os textos que compõem o filme, de modo a formarem uma narrativa unificada, é representado justamente pelas personagens. Entre os protagonistas/arquétipos a serem examinados estão o valentão, o rei sábio, a cinderela.
Este ensaio busca verificar como Guimarães Rosa, em Grande sertão: veredas, um dos mais importantes romances da literatura brasileira, elabora sua narrativa utilizando-se da tradição regional e da moderna.
O discurso de Riobaldo em Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa pode ser caracterizado como ideológico através de elementos de vários discursos nele contidos, além de sua estrutura proverbial e mítica.
Este artigo tem como objetivo a abordagem entre as personagens do romance Grande Sertão:
Veredas, de Guimarães Rosa – Diadorim e Riobaldo –, e as de Miguel de Cervantes – Dom Quixote e
Sancho Pança –, no livro Dom Quixote de la Mancha, utilizando, para tanto, as teorias da
fragmentariedade do conhecimento, elaboradas por Georg Lukács, do individualismo moderno aplicado
ao romance, de Ian Watt, como também o amparo dinâmico da realidade dos homens vistas sob a ótica
da arte romanesca. A busca pela completude individual na compreensão do Absoluto, bem como o
misticismo que envolve a narrativa dessas duas grandes produções, são analisados mediante o
detalhamento estilístico e uníssono, em uma perspectiva de dependência simbiótica das personagens
umas com as outras, sopesadas pela metáfora da travessia/rito de passagem que se desenrola durante
todo o desenvolvimento das obras
Numa passagem de Grande sertão: veredas, Riobaldo fala de uma "sonhice" que teve: "Diadorim passando por debaixo do arco-íris". Vinte anos antes, em Magma, Rosa escreveu um conjunto de sete poemas, cujos títulos denunciam a presença do arco-íris e ativam sentidos que tal fenômeno carrega. Entender alguns destes sentidos, mostrando como as cores funcionam na vida e na lite ratura, é o que quer o prese nte artigo. Para isso, analisam-se o poema "Vermelho" e a referida passagem-sonho como indicadores de um pensamento sobre a sexualidade.
Este trabalho explora o encontro entre artifício e ausência, um encontro definido pela impossibilidade de se representar, articular ou mesmo conceber aquilo (ou aquele) que inexiste. Mais especificamente, discute como - em Grande Sertão: Veredas (GSV)- João Guimarães Rosa logra sugerir a presença, no próprio cerne da experiência narrada, de uma privação radical e diabólica. Privação que, entretanto, jamais chega a representar na narrativa. Recorrendo a Agostinho, Pseudo-Dionísio e Boécio, sugere-se que essa ausência do diabo apropria, rearticula e, por fim, subverte – por hipérbole – um procedimento neoplatônico constitutivo da teologia Cristã: a tipificação do mal como mero privatio boni ou falta do bem.
As leituras feitas por Antonio Candido da obra de Guimarães Rosa, valiosas tanto pela complexidade de sua visão analítica como pelo seu poder de disseminação de uma linha de entendimento a ser expandida pelos seus discípulos, têm ainda o mérito de deixar entrever, no caso específico da obra
do ficcionista mineiro, a necessidade de uma multiplicidade de interpretações, capazes de melhor dar conta da riqueza e da complexidade dos textos. O trabalho pioneiro do autor de "O homem dos avessos" abriu caminho para leituras de cunho sociológico e metafísico. Em seu tempo, estas foram complementadas por estudos que vincularam a obra de Guimarães Rosa a contextos de modernidade não necessariamente brasileiros. O presente ensaio lança um olhar crítico sobre essas vertentes e reflete sobre possíveis desdobramentos críticos e teóricos no futuro.
O presente trabalho, resultado parcial da pesquisa que desenvolvo em meu Mestrado, vem abordar alguns questionamentos sobre a leitura que acredito serem intrínsecos a Grande sertão:veredas. Através de uma analogia entre o narratário, ou seja o visitante para quem Riobaldo conta sua história, e o leitor empírico da obra, abordo o romance rosiano como uma narrativa que reflete metalinguisticamente sobre a problemática da leitura. A partir dessa idéia, passo a a nalisar que tipo de leitura nos propõe o protagonista do romance.