Este artículo plantea que Augusto Roa Bastos, João Guimarães Rosa, Juan Rulfo y José María Arguedas compartieron el esfuerzo de hacer audible la voz “iletrada” de miembros de culturas rurales e indígenas, e igualmente compartieron la experiencia de la imposibilidad de esta tarea. Elartículo termina indagando por lo que quedódel esfuerzo mencionado.
Neste trabalho defendemos que não é possível dizer que a literatura é ou alguma vez foi uma ideia no lugar na América Latina. Tal defesa parte da constatação de que não houve formação de Estados nacionais soberanos e inclusivos, e não é mais possível acreditar que haverá; motivo pelo qual falar de uma literatura brasileira ou latino- americana formada perdeu o sentido. Como consequência, afirmamos que é preciso reler com outra perspectiva os autores que foram considerados o ponto de chegada de um processo formativo. Em um primeiro momento, nos ocuparemos de alguns textos de um deles, Guimarães Rosa, escritor que, entre outras coisas, predisse que para o ano 2000 o colonialismo chegaria ao seu fim na América Latina. Posteriormente iremos analisar o conto “El gaucho insufrible” de Roberto Bolaño, que transcorre na crise da Argentina de 2001, um dos acontecimentos que desmentiram a previsão de Rosa. A análise do conto será seguida da do ensaio “Literatura + enfermedad = enfermedad”. Estes textos nos permitirão indagar sobre o significado de escrever “literatura” desde a “América Latina” em tempos sem perspectiva formativa. Renunciando intencionalmente a linearidade histórica, a tese termina com um estudo de Macedonio Fernández, cujos escritos não tem como horizonte a formação de uma literatura nem de um Estado nacional, mas sua histerização e suspensão. Com a análise dos autores citados tentaremos mostrar que se já não é mais possível acreditar em um fim formativo nos velhos termos, também não é possível simplesmente deixar de falar de literatura e da América Latina, nem de reivindicar uma formação global e local menos assimétrica.
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Teoria Literária e Literatura Comparada
Neste trabalho, proponho-me examinar a obra de Jõao Guimarães Rosa (principalmente Grande Sertão: Veredas e alguns contos) em relação com as obras mais reconhecidas de outros escritores junto com os quais conformaria o grupo que José María Arguedas denomina escritores provincianos: Juan Rulfo, o próprio Arguedas e, embora menos próximo a eles, García Márquez. Além destes autores, examino sua relação com Augusto Roa Bastos, autor que a crítica posterior a Arguedas inclui entre os provincianos. Analisa-se por que estes escritores se apresentam como humildes camponeses, vaqueiros ou índios que não gostam dos intelectuais e escrevem obras que parecem narradas por um membro das culturas fundamentalmente orais de suas regiões de origem. Aponta-se que o objetivo dos provincianos é fazer surgir a província no literário em uma escrita que tem como destino a cidade, em resposta aos processos de modernização que parecem condená-la a desaparecer. Avalia-se o que fica dessa resposta, sugerindo-se que pode ser uma ruína. Na análise sobre a proposta narrativa dos provincianos são consideradas diferentes interpretações dedicadas a esse tema, desde os estudos clássicos de Ángel Rama e Antonio Candido até alguns textos que questionaram esses estudos, como os de Alberto Moreiras e Idelber Avelar.