Este estudo visa retomar a questão do coronelismo e jagunçagem em Grande sertão: veredas e discuti-lo, dentro de uma perspectiva histórica, como um agudo ensaio sobre a liquidação do coronelismo durante a Primeira República. O banditismo e a violência atravessam seu enredo e lhe determinam, em grande parte, o movimento e desfecho. No cruzamento entre Literatura e História, Grande sertão: veredas pode contribuir para iluminar, a partir da perspectiva de um participante do mundo da jagunçagem, o modo como se estabeleceram as relações de poder vigentes no sertão brasileiro durante a República Velha, envolvendo fazendeiros, bandos de jagunços e milícias.
Este trabalho visa discutir a constituição do ponto de vista no conjunto de novelas reunidas em Corpo de Baile, de João Guimarães Rosa, a partir da hipótese de que a emergência das classes populares como novo ator social durante a Era Vargas (1930-1945 e 1951-1954) é fator preponderante para criar as condições de possibilidade de formação de uma instância narrativa, na obra do escritor mineiro, que, se parece ter correspondido à nossa experiência histórica naquela quadra já não pode ser recriada, sob pena de escamotear o processo de fragmentação social em curso.
Este artigo pretende percorrer os sentidos de sertão e sertanejo, tal como foram construídos no âmbito da literatura brasileira, pensando-os como emblemas de visões de nação e nacionalidade e propondo-os como sentidos que convivem e se confrontam na obra de João Guimarães Rosa. Busca ainda, destacando algumas semelhanças entre duas falas (a de Riobaldo, no plano ficcional, e a de Manuelzão, no plano histórico), discutir como a memória desempenha um papel fundamental na construção daqueles sentidos.