Objetiva-se a análise do conto "Sorôco, sua mãe, sua filha", de João Guimarães Rosa. Os elementos da estrutura narrativa constituirão ponto de partida para o alcance do canto dionisíaco presente ao final da narrativa. Os vínculos possíveis quanto ao tratamento dado ao trágico tanto na obra de Guimarães Rosa quanto na de Friedrich Nietzsche serão ressaltados.
Esta comunicação tem como suporte a seguinte afirmação de Riobaldo: “Diadorim é minha neblina”. Procurar-se-á demonstrar que nela se encontra o registro do relato da travessia de Riobaldo pelo Sertão como um tipo especial de verdade: Aletheia. Ela consiste num procedimento específico de registro da verdade a efetivar-se através do constante jogo entre manter-se ao mesmo tempo encoberto e descoberto. No texto rosiano, há que se considerar (1) o contraste entre “neblina” e “clareira”, ao mesmo tempo (2) a proximidade da afirmação de Riobaldo em relação à pergunta de Nietzsche em Além do bem e do mal: “Supondo que a verdade seja uma mulher – não seria bem fundada a suspeita de que todos os filósofos, na medida em que foram dogmáticos, entenderam pouco de mulheres?”. Desse modo, busca-se entender e até recuperar em Guimarães Rosa, no que diz respeito à verdade, a antiga perspectiva do enigma (ou do labirinto), que lhe parece ser congênita, também cuidadosamente tratada por Heidegger e Niet