Em relatos pessoais de João Guimarães Rosa, a autora colhe dados sobre episódios da infância e aspectos da paisagem da terra natal do escritor. Correlaciona-os com a criação ficcional, notadamente em Sagarana, segundo conceitos relativos ao fato de que as lembranças também se inventam, pois a fantasia se associa às recordações de infância na memória do adulto.
A unidade da enunciação de Riobaldo, em Grande sertão: veredas, aparece cindida pela oposição complementar de dois princípios constitutivos, como um jogo com sinônimos (vários nomes para um ser só, "Deus") e homônimos (um só nome para coisas e eventos, "Diabo"). A oposição é talvez o principal operador metalinguístico do texto e é por ela que são articulados outros níveis de sentido do romance, como o das alegorias da filosofia neoplatônica, o da luta política no sertão, o do amor, o do mito e o da linguagem.
A presença de metáforas náuticas na literatura brasileira é aqui examinada com particular referência a um cenário de sertão. A hipótese é aplicada a uma análise do conto "Desenredo", do livro Tutaméia - Terceiras Estórias, de João Guimarães Rosa.
Estudo do conto "A hora e a vez de Augusto Matraga", considerando estrutura narrativa e personagem, reconhecíveis como embrião da totalidade da obra do autor. Identifica três etapas definitivas na ação do protagonista: busca de auto-afirmação; ressurreição e reencontro com a natureza e consigo mesmo; paz e plenitude compensatórias, que levam ao reconhecimento do espírito religioso ou misticismo bronco como uma das vertentes mais ricas em Guimarães Rosa.
Este artigo trata do lirismo de Guimarães Rosa que se volta para a idealização e sentimentalismo característicos dos contos de fada. Focaliza-se particularmente a personagem Rosalina, do romance "A estória de Lélio e Lina", do livro No Urubuquaquá, no Pinhém, velhinha de raras qualidades, cujas falas são impregnadas de poesia e sabedoria. O seu relacionamento com um moço vaqueiro, que, ao encontrá-la pela primeira vez, já se sente atraído pelos seus poderes incomuns, é mostrado como belíssimo caso de profunda afeição entre uma anciã e um jovem.
Este estudo pretende discutir, dentro da estrutura do conto "Uma Estória de Amor", de João Guimarães Rosa, o papel e o significado de que se reveste a festa organizada na fazenda Samarra pelo seu protagonista. Mesclam-se, ao longo dos três dias de festa, o sagrado e o profano, ao mesmo tempo que se desenha um espaço ritual que leva Manuelzão ao confronto com seu destino.
Valdomiro Silveira reduz sua narrativa "Salvação" à história de animais, sem ser uma fábula, e inclui-se no conjunto de obras que, para evitar a explicitação do erotismo, encobre o amor com medo. "A hora e vez de Augusto Matraga" não camufla o erotismo e dá sentido à personagem e ao texto, aproveitando como forma a saga nordestina (cordel), a história de vida de santos, o tema do "Judeu Errante" e a parábola. A força dos contos de Sagarana advém do sistemático aproveitamento dos pequenos gêneros, que se encontram na oralidade e que servem de base tanto para a produção, como para a recepção de textos ou de enunciações. A oralidade, que serve para mostrar o caipira de espiritualidade profunda, é também recurso manutensor do segredo religioso.