A partir da teoria da iconicidade de Peirce, analisamos as relações entre os significados lingüísticos e a representação da experiência por intermédio da produção escrita. O levantamento dos lexemas, dos semas e dos tipos sígnicos é a estratégia utilizada para determinar o poder de condução do leitor à mensagem básica em Meu tio o Iauaretê, de G. Rosa. Os signos são identificados como orientadores ou desorientadores da leitura, e o vocabulário ganha realce nesta análise lexicológico-semiótica, que objetiva estimular a exploração do texto literário e a investigação do léxico distribuído por domínios semânticos, com vistas ao enriquecimento do repertório do leitor e à ampliação de suas possibilidades de representação das experiências.
A recepção literária é uma questão cultural e lingüística. Ora, a palavra “Arte” aparece em 65 ocasiões no meta-romance criptográfico Grande Sertão: Veredas. A crítica nacional parece ignorar tais protocolos de leitura. As duas traduções francesas e a versão italiana do romance, na esteira da crítica brasileira, ou suprimem sistematicamente a palavra, ou transpõem sentidos equivocados, enquanto o texto espanhol opta por transposições literais.