A poesia que mana de Ave, Palavra flui da pluralidade significativa de sua escritura, resulta da unidade de elementos interiores à obra e da entrega incondicional do poeta, uma ação que o conduz ao lugar da essência da linguagem. O canto inaugural da poesia roseana penetra na fala atemporal da linguagem para então estabelecê-la a partir dela mesma de forma genuína. Pretendemos neste trabalho a análise de alguns aspectos da última obra escrita por João Guimarães Rosa, conduzidos pelo pensamento de Martin Heidegger acerca do processo que en-caminha a essência do poeta ao lugar de onde a linguagem subverte o próprio tempo e lhe acena por meio do fenômeno da criação poética.
Na obscuridade do espaço literário a palavra ressurge incorporada e consubstanciada de inúmeros sentidos e valores semeados no solo desértico de Ave, Palavra. Por meio dos movimentos de recuo da linguagem a opacidade da poesia roseana anula a representação de um significado primeiro, o verbo essencial já não se desvela como termo, porquanto se abre a uma intenção e transborda para outra realidade. Essa coletânea recria o mundo por meio de uma poesia sóbria, todavia essencial, decantada de uma linguagem vigorosa e enérgica que nunca se cansa de assombrar por sua natureza rebelde e inapreensível. Ave, Palavra comporta uma ação lírica articulada no espaço soberano da obra, um fenômeno que converte toda a superficialidade do mundo exterior em um dito incessante, inesgotável e avassalador. Pretendemos nesse trabalho, fundamentados nos estudos de Maurice Blanchot, estabelecer um diálogo acerca da transcendência abstraída da palavra essencial arraigada no solo poético de Ave, Palavra, tendo como escopo o poema Nascimento.
Este artigo pretende retratar os animais nas obras Ave, palavra do literato João Guimarães
Rosa e Poliedro de Murilo Mendes. A análise destas obras será feita através da literatura
comparada analisando, portanto, como os animais são representados nos capítulos Zoo e Setor
Microzoo dos referidos livros destes ilustres autores.
Este trabalho visa explorar o complexo sistema percorrido pelo ser puro e intransitivo da linguagem literária apontado por Michel Foucault, a qual comanda os fluxos poéticos de Guimarães Rosa em Ave, Palavra, por meio da análise de certos procedimentos de criação linguística e elaboração estilística presentes em toda sua composição; destina-se também a investigar o lirismo que mana do verbo essencial, o qual se dobra sobre si mesmo, ocultando as várias faces da palavra original e a insólita intenção da escrita roseana de reverenciar a arte poética, visto que Ave, Palavra comporta uma ação lírica articulada no espaço soberano da obra.
Muitas vezes o leitor das narrativas de Guimarães Rosa depara-se com um narrador ou personagem que podem ser lidos como uma figuração do escritor graças à associação entre aspectos textuais (temas, personagens, narradores) e informações acerca do autor. A identificação ocorre também pelo ajuste do texto ao repertório de imagens e posturas autorais que dialogam com as escolhas da obra lida repertório também acessado pelo escritor para a construção de sua figura autoral. Esta tese discute como o escritor criou figurações autorais, procurando entender a dinâmica de vinculação entre presença autoral e campo literário, além da construção da autorrepresentação em enunciações públicas (entrevistas e depoimentos) e privadas (diários e outros manuscritos), nas quais se observa o escritor produzindo figurações de si e afirmando posturas que sugerem um modo de interpretação de seus textos. Quanto às narrativas rosianas, a análise concentra-se em textos divulgados em periódicos e posteriormente reunidos em Tutaméia Terceiras Estórias (1967), Estas Estórias (1969) e Ave, Palavra (1970).
O enigmático fenômeno da criação literária de João Guimarães Rosa surpreende e fascina a críticos e leitores, a princípio pela vasta rede de recursos linguísticos que sua escrita engendra, entretanto na medida que adentram o espaço poético roseano são arremessados a uma dimensão de pura incerteza e magia, na qual o extraordinário lirismo do autor toma a palavra e anuncia seu dito pleno, original e arrebatador. Ave, Palavra recria o mundo por meio de uma poesia sóbria, todavia essencial, decantada de uma linguagem vigorosa e enérgica que nunca se cansa de assombrar por sua natureza rebelde e obscura. Este trabalho visa explorar o complexo sistema percorrido pela linguagem literária mencionada por Michel Foucault, a qual comanda os fluxos poéticos de Rosa em Ave, Palavra, por meio da análise de certos procedimentos de criação linguística e elaboração estilística presentes em toda sua composição; destina-se também a investigar o lirismo que mana do verbo essencial nesse espaço áspero e árido, o qual se dobra sobre si mesmo, ocultando as várias faces da palavra complexa e a insólita intenção da escrita roseana de reverenciar a arte poética, visto que Ave, Palavra comporta uma ação lírica articulada no espaço soberano da obra: aquele descrito por Maurice Blanchot, em que transcende e converte toda a superficialidade do mundo exterior em um dito incessante, inesgotável e avassalador.
A dissertação tem como corpus as poesias de João Guimarães Rosa, sob assinatura de anagramáticos, presentes no livro híbrido Ave, Palavra. Tais composições foram um tanto inexploradas pela crítica literária, ficando subestimadas pela magistral linguagem de suas narrativas. É objetivo do trabalho analisar as referidas poesias ressaltando a qualidade estética dessas composições e reconhecendo-as não como acidente em meio às produções em prosa, mas como parte significativa e integrada da obra do escritor. Partindo da concepção de poesia de convergência, apresentada por Octavio Paz, verificamos que, dentre as poesias, estão presentes poemas de caráter analógico - caracterizadas pela busca do autoconhecimento e figurativizadas pelo mito de Narciso - e também composições cujo enfoque é o fazer literário. Em grande parte das composições, a visão analógica surge atrelada a aspectos metapoéticos, presentificando, nas poesias, a correlação que Guimarães Rosa estabelece entre renovação lingüística e renovação humana. Para tanto, utilizamos, como embasamento teórico, estudos acerca da linguagem poética e da concepção de poesia, como os de Roman Jakobson, T. S. Eliot, Jean Cohen, Todorov e Octavio Paz. O livro de Hugo Friedrich, A Estrutura da Lírica Moderna, também nos auxilia na análise dos poemas, além de estudos sobre a produção artística de João Guimarães Rosa, em especial, os de Heloisa Vilhena de Araujo, Paulo Jorge Haranaka, Maria Célia Leonel, Eduardo Faria Coutinho, Manuel Cavalcanti Proença, dentre outros.
A obra literária de João Guimarães Rosa surpreende, encanta e instiga pesquisadores de todas as épocas. Destaca-se, entre outros fatores, pela forma muito particular como o autor compõe suas narrativas e constrói as personagens, todavia chama atenção também a incrível capacidade de criação e recriação lexical empreendida pelo autor em sua tessitura poética. Conhecido como o mago das palavras, João Guimarães Rosa se utiliza dos neologismos como recurso inerente à linguagem para transcender a transparência e superficialidade da língua, abastecendo-se de toda significância e originalidade de uma palavra autêntica e livre da fala desgastada do cotidiano. Fundamentados teoricamente nos princípios e pressupostos da morfologia e lexicologia, lançamos um olhar acerca da última obra escrita por João Guimarães Rosa, Ave, Palavra, visando: (1) investigar o processo de criação lexical empreendido em Ave, Palavra, de modo a compreender a pluralidade semântica gerada em sua tessitura. (2) Averiguar
Atenção! Este site não hospeda os textos integrais dos registros bibliográficos aqui referenciados. Para alguns deles, no entanto, acrescentamos a opção "Visualizar/Download", que remete aos sites oficiais em que eles estão disponibilizados.