Guimarães Rosa foi um escritor apaixonado pela diferença, por culturas e línguas diversas,
valorizando cada uma igualmente. Sua paixão rendeu inúmeros personagens estrangeiros que são
inseridos no sertão mineiro, despertando paixão e conflito entre alteridades. O conto “Orientação” traz
uma situação ainda mais inusitada, pois narra uma história de amor entre alteridades extremas: um
chinês e uma mineira. Mostraremos como o convívio com o estrangeiro é difícil mesmo quando o
amor está envolvido na relação e como a diferença que atrai o casal é a mesma que os separa no
fim. Nessa “estória” de amor e desencanto, refletiremos sobre a situação do imigrante e veremos
como o escritor transculturador transita entre as duas culturas respeitando as alteridades.
O presente artigo tem por objetivo demonstrar como Guimarães Rosa, no conto Páramo, de Estas Estórias, inaugura uma encenação ficcional da melancolia. O texto rosiano vai sofrendo uma gradual condensação à medida que avança e as ressonâncias melancólicas dessa narrativa funcionam como um rigoroso exercício de subtração da escrita em busca do silêncio, dando sequência às "operações subtrativas" de Tutameia.
O conto "Desenredo" de Guimarães Rosa é a encenação do processo poético em que a linguagem
não apenas apresenta um tema, como também o representa metalinguística e desconstrutivamente no próprio ato da feitura-leitura do texto. O tema do adultério é, portanto, tema patente e moto latente do processo de desmonte e autorreflexão sobre o próprio fazer poético. Nesse sentido, a linguagem do conto mobiliza processos paródicos, desconstrutivos e metalinguísticos para construir o tecido narrativo.
O presente trabalho objetiva apresentar uma leitura de “Palhaço da boca verde”, do livro Tutaméia (Terceiras Estórias), sob a perspectiva do duplo. São três os artistas que fazem parte do enredo, compondo a complexa situação de um triângulo amoroso: Mema Verguedo, X. Ruysconcellos e Ona Pomona. Tais personagens – cada qual à sua maneira – são seres cindidos. No que se refere à X. Ruysconcellos, sob a pele do palhaço Ritripas, este procura fugir da realidade. No que diz respeito às figuras femininas, uma atua como o alter ego da outra. Embora X. Ruysconcellos demonstre inicial interesse por Ona Pomona, ao final da narrativa, ele descobre ser Mema Verguedo a sua metade faltante. Neste momento, cada um dos amantes reencontra a sua própria androginia.
"Azo de Almirante", quarto conto de Tutaméia (Terceiras Estórias), efetiva-se através de dois tempos narrativos que se alternam. O primeiro deles apresenta a derradeira ação do protagonista, aquela que o conduzirá à morte, à procura do brejo situado à margem do rio. Neste primeiro tempo há o registro do final de um dia repleto de luz e também do final de uma vida marcada pela batalha, sem, no entanto, abdicar dos valores individuais. Hetério, protagonista do conto, morre feliz por auxiliar um amigo a raptar sua mulher. O segundo tempo presente na narrativa consiste na retomada da vida deste mesmo protagonista a partir do momento em que nela ocorreu uma reviravolta: uma enchente levou-lhe mulher e filhas. Deste acontecimento em diante, conforme relata o narrador heterodiegético, Hetério abandonou seu "fastio de viver, sem hálito nem bafo". Disse não a uma possível resignação fatalista frente ao destino. Adentrou-se no rio com sua canoa e posterior frota, entregando-se a um constante agi
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