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por
Paulo Noviello

 

 

 

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O mito de Medéia é virado do avesso
em nova montagem do clássico grego

Uma das lendas mais famosas da mitologia grega é a dos Argonautas, heróis liderados por Jasão e que, a bordo do navio Argos, vivem muitas aventuras para achar o Velocino de Ouro. Medéia, uma das passagens mais notórias da lenda, é uma das tragédias gregas mais conhecidas até hoje, e foi escrita por Eurípides no século 5 a. C. A versão que está em cartaz no teatro Sérgio Cardoso, Histórias do Mar Aberto – Medéia Conta Sua História, escrita por Consuelo de Castro, é uma adaptação livre, para dizer o mínimo, do clássico. Consuelo mudou boa parte do enredo original para criar uma peça de atualidade surpreendente.

Na história de Eurípedes, Medéia trai seu povo, os Cólquidas, e entrega o Velocino de Ouro ao grego Jasão, que se casa com ela. Jasão a trai com uma mulher mais nova. Movida pela vingança, ela mata os próprios filhos. Na adaptação de Consuelo, a história é bem diferente. Carregada de conotação política, a história de Medéia que se pretende ser contada por ela mesma mostra uma mulher forte, que roubou o Velocino não por amor a Jasão, mas pelo desejo de paz. Reza a lenda que o Velocino, se guardado na fronteira do Oriente com o Ocidente (a Grécia), traria paz a todo o mundo.

Casada com Jasão, Medéia é traída por ele devido a uma aliança entre o herói decadente e o tirano rei Creonte. O marido não coloca o velocino no lugar almejado por Medéia, e o entrega a Creonte para se casar com sua filha e herdar o trono. Medéia não reage como uma mulher traída mas como uma pacifista em luta por uma causa. Também não sacrifica os filhos, ao contrário: os protege.

As interpretações vigorosas de Leona Cavalli, que encarna a trágica Medéia, Cássio Scapin, como o nada heróico Jasão e Francarlos Reis, como o corrupto Creonte, dão credibilidade a essa versão tão diferente de um clássico. Chamam a atenção os trejeitos que Reis empresta ao déspota Creonte, numa interpretação perfeita do que seria um político corrupto e sedento de poder. Já Scapin faz um Jasão vacilante, cansado de ser herói e que não se importa em entregar seu valioso tesouro em troca do poder. E a Medéia interpretada por Leona Cavalli consegue ser ainda mais trágica que a original, por ter ideais mais nobres e ser traída por motivos mais espúrios do que na peça de Eurípedes.

 

 

Histórias do Mar Aberto – Medéia Conta sua História
Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista
t. 288-0136
sexta e sábado, às 21h
domingo às 19h
Ingresso: R$ 20