O
inverno chegou trazendo consigo todo o glamour e o clima romântico
característico da estação. Mas nem tudo
é encantador na época mais fria do ano, esse
também é o período em que aumenta a incidência
de gripes e resfriados e se agravam as doenças respiratórias
na população.
As
mudanças bruscas de temperatura típicas do inverno
são responsáveis por um aumento significativo
de mortes na cidade de São Paulo. Foi o que demonstrou
a pesquisa realizada por Nélson da Cruz Gouveia, médico
do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina
da USP. Analisando o número de óbitos por causas
não-externas (mortes naturais) na capital entre 1991
e 1994, o epidemiologista constatou que para cada diminuição
de um grau na temperatura abaixo de 20o C (comum no inverno)
observou-se um aumento de 4% no número de mortes em
crianças e 5,5% em idosos. "A criança e
o idoso são sempre os mais vulneráveis pois
são dois momentos da vida em que o organismo está
mais suscetível a doenças", afirmou.
Gouveia
alerta para o perigo que gripes e resfriados representam para
esse grupo da população, pois apesar de aparentemente
inofensivos, esses males podem encaminhar o indivíduo
para um quadro de pneumonia, uma das principais causas de
morte apontadas pela pesquisa. Recomenda-se que indivíduos
com mais de 60 anos tomem vacina contra gripe, visto que,
segundo o Ministério da Saúde, 90% das mortes
decorrentes da doença ocorrem em idosos.
foto
crédito:Cecília Bastos

Se nessa época do ano os cuidados com a saúde
já devem ser redobrados, no caso de um município
extremamente poluído como São Paulo é
preciso uma atenção ainda maior. É o
que recomenda Luzimar Raimundo Teixeira, professor da Escola
de Educação Física e Esportes e responsável
pelo Programa de Educação Física ao Portador
de Asma, desenvovlido no Cepeusp (Centro de Práticas
Esportivas da USP). Segundo ele, o inverno em São Paulo,
além do clima frio, tem pouco vento e ainda menos chuvas,
o que prejudica a dispersão de poluentes como gases
e fuligem. Essas substâncias aderem às paredes
das vias respiratórias, causando irritação
na mucosa nasal de todos os indivíduos, mas em especial
dos que sofrem de doenças alergo-respiratórias.
Os
alérgicos representam cerca de 30% a 32% da população
e são os mais atingidos com a chegada do inverno.
Nessa época do ano eles sofrem com o desencadeamento
de crises advindas do vírus de gripe e com as infecções
de vias aéreas superiores. Rosa Teresa de Ermo
Plaza é uma dessas pessoas que sentiam sua alergia
à poeira e ácaros |
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piorar
sensivelmente nessa época do ano. Por trabalhar
na biblioteca do Instituto de Geociências (IGc),
Rosa tem contato direto com os livros, estantes e com
o pó ali acumulado. A solução encontrada
foi evitar esse pó e manter o ambiente de trabalho
e doméstico sempre limpos. "Eu troco a roupa
de cama pelo menos duas vezes por semana, lavo as cortinas
e evito que animais domésticos fiquem dentro da
casa", conta. |
Ao
contrário do que muitas pessoas pensam, o frio não
é o único responsável pelo agravamento
das doenças respiratórias. Mudanças de
hábito decorrentes da chegada do inverno também
colaboram para prejudicar a saúde do indivíduo.
É no inverno que as pessoas tendem a ficar dentro de
suas casas se "escondendo do frio" com portas e
janelas fechadas para evitar a entrada daquele ventinho gelado.
Se você é uma dessas pessoas habituadas a se
enclausurar em casa fugindo do frio, saiba que estudos mostram
que cerca de 86% do tempo você fica em ambientes fechados,
seja no ônibus, na escola, no trabalho ou no shopping.
A aglomeração de pessoas nesse tipo de ambiente
favorece a transmissão de vírus e bactérias,
um dos principais responsáveis pelas doenças
de inverno.
"O
inverno também é o momento de tirar as roupas
de lã e cobertores do armário e esses, muito
provavelmente, não foram adequadamente guardados",
alerta o professor. O vestuário de inverno costuma
ficar dentro do guarda-roupa por um ano inteiro e quando é
retirado está cheios de bolores, fungos e outros aeroalérgicos
que ficam em suspensão no ar por muito tempo. Luzimar
recomenda que as roupas de inverno, antes de serem usadas,
sejam lavadas com água quente e que se aplique 50ml
de alguma substância fungicida (fungicil, por exemplo)
na água de enxágüe para depois deixar secando
ao sol e, finalmente, passar a peça com ferro quente.
O próprio guarda-roupa também deve receber uma
mãozinha de pano úmido com fungicil.
Ainda
sobre os cuidados que se deve ter dentro de casa, Luzimar
dá algumas dicas de como deveria ser o quarto ideal
para indivíduos que sofrem com o agravamento de
doenças alérgicas no inverno. Segundo ele,
o piso deve ser lavável, sem cantos que acumulem
pó e o carpete, se necessário, deve ter
tratamento contra fungos e bactérias, o que não
pode ser usado em casas com animais domésticos.
A cama merece um tratamento especial, pois é nela
que se acumula a maior quantidade de ácaros (grande
inimigo da saúde dos alérgicos). |
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Dessa
forma, colchões e travesseiros devem conter capas
antiácaros e as cobertas não podem ser felpudas,
priorizando o uso de edredons. O armário onde a
criança guarda cadernos e livros deve estar sempre
limpo e, nas janelas, prefira persianas a cortinas de
pano. Essas medidas visam a evitar o acúmulo de
poeira, principal alimento do ácaro e diminuir
a chamada "poluição doméstica".
"Nós não podemos melhorar a qualidade
do ar em toda a cidade de São Paulo, mas em nossa
residência, sim. E é lá que passamos
a maior parte do nosso tempo", conclui. |
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