Estação
da Luz em 1903. Cartão postal
O
sistema ferroviário no Brasil comemorou, no final de
abril, 150 anos de serviços e transformações.
Desde seu surgimento em 1803, o trem é considerado
uma das maiores conquistas técnicas da era industrial,
seguida por outras invenções ao longo do século
19, como a lâmpada elétrica, o telégrafo
e telefone.
Tudo
começou com Richard Trevithick, engenheiro inglês,
que inventou um veículo similar à locomotiva.
Uma máquina a vapor com peso de cinco toneladas e velocidade
de 5 km/h. George Stephenson, seguindo a tendência,
criou a tração a vapor em estrada de ferro,
usando o princípio de aderência de rodas lisas
sobre uma superfície, também lisa. A partir
disso, Stephenson construiu a locomotiva blucher que, em 25
de julho de 1814, fez sua estréia circulando entre
Lilligtwort e Hetton, na Inglaterra, puxando oito vagões
com 30 toneladas.
O
primeiro trem de passageiros da história data de 27
de setembro de 1825, e circulou na linha de Stockton a Darligton.
Percorreu um trecho de 51 km, tracionado pela locomotiva Active
depois denominada Locomotion, transportando 600 pessoas e
60 toneladas de carga. A maior obra de Stephenson foi a construção
da estrada de ferro entre Liverpool e Manchester, em 1930.
O
sucesso foi tão grande que despertou o interesse do
governo Imperial brasileiro. Em outubro de 1835, o regente
Diogo Antonio Feijó sancionou a lei que concedia, entre
outros benefícios, o privilégio de exploração
por 40 anos à companhia que se interessasse em construir
estradas de ferro que deveriam ligar o Rio de Janeiro, capital
do País, às províncias de Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Bahia.
A
primeira ferrovia do Brasil, com 14,5 km de extensão,
inaugurada somente em 1854, ligava o Porto de Mauá
- Baía da Guanabara - a Petrópolis na Vila do
Fragoso, cidade serrana onde a corte e a nobreza carioca viajavam
no verão.

A implantação da ferrovia no território
nacional visava a atender necessidades de integração
territorial. Contudo, o grande impulso para as ferrovias no
Estado de São Paulo veio a partir do desenvolvimento
da economia cafeeira. O café dependia da expansão
da ferrovia para o seu proprio sucesso.
A
maioria das plantações encontrava-se no Planalto
Paulista e nas cidades de Campinas, Rio Claro, Limeira até
Ribeirão Preto, expandindo-se para o oeste paulista
em 1890. O Porto de Santos tornou-se o principal ponto de
escoamento da produção, necessitando de um sistema
de transporte eficaz e mais barato, entre as áreas
produtivas e o porto.
De
acordo com Raquel Gleser, professora de história da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a
primeira empresa ferroviária paulista criada em 1867,
foi a São Paulo Railway Company, que ligava Santos
a Jundiaí, conhecida pela população como
a Inglesa. Com a implantação desse trecho, o
custo do café diminuiu cerca de 35%, dando um lucro
para empresa em torno de 10%, transformando-a na mais lucrativa
empresa ferroviária da América Latina, graças
ao monopólio que detinha. Em 1947, a Inglesa tornou-se
nacional, recebendo o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.
Mas
a lavoura cafeeira foi expandindo-se para regiões mais
distantes do porto, e outras companhias foram estendendo suas
linhas. Em 1867, um grupo de fazendeiros, ligados à
cultura do café investiram na construção
da Companhia Paulista que ligaria Jundiaí a Campinas.
Com o passar dos anos, a Paulista foi adquirindo trechos de
outras estradas de ferro, e foi responsável pela modernização
dos trens de passageiros criando os carros-restaurante e dormitórios.
A Previdência Social brasileira teve suas origens na
Cia. Paulista. Uma reunião de empregados e diretores,
realizada no pátio de manobras em Jundiaí, fundou
a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários.
A
Companhia Sorocabana, criada em 1870, era formada por um grupo
dissidente do consórcio que comporia a Companhia Ituana,
no mesmo ano. A primeira ligaria São Paulo a Ipanema,
no interior paulista, a segunda, Itu a Jundiaí. O primeiro
trecho da Sorocabana, com 120 km de extensão, foi inaugurado
em julho de 1875, e três anos depois estendeu suas linhas
para as cidades de Tiête, Tatuí, Itapetininga
e Botucatu. As linhas da Companhia Ituana chegaram a Piracicaba
em 1877, promovendo uma integração com o transporte
fluvial até o porto de Lençóis.
Em
1892, as duas companhias fundiram-se formando a Companhia
União Sorocabana, a maior rede ferroviária do
Estado com 820 km de extensão, e ainda contava com
222 km de vias fluviais nos rios Piracicaba e Tiête.
A partir da fusão, novas linhas foram construídas,
de Botucatu a Cerqueira César, no ramal Bauru até
Bom Jardim e de Itu a Mairinque, totalizando 908 km de via
férrea.
No
início do século 20, a empresa sofreu uma crise
financeira entrando em processo de liquidação.
Em 1904, a Sorocabana ficou sob o controle do governo federal
e, posteriormente, do governo de São Paulo. De 1907
a 1919, o governo paulista arrendou a companhia a um consórcio
franco-americano que atingiu Presidente Prudente até
as margens do rio Paraná.
Em
1969, a Sorocabana transformou-se, por decreto estadual, à
empresa de economia mista, adquirindo condições
jurídicas para incorporar-se à Companhia Paulista,
juntamente com as demais ferrovias do Estado, para formar
a Ferrovia Paulista S/A - Fepasa.
Contudo
veio o declínio do transporte ferroviário. De
acordo com Raquel, a estrada de ferro foi pensada para transporte
de produtos agrícolas. As linhas com trajetos muito
longos não tinham um traçado racional e apenas
atendia às necessidades dos fazendeiros. Além
disso, as ferrovias foram sendo construídas com bitolas
diferentes, impedindo a conecção entre elas.
A padronização da malha ferréa hoje existente
é inviável financeiramente. Para ela, "há
que se pensar numa política pública para o sistema
de transporte, para que sejam interligados e atualizados",
afirma.
Fonte:
Memorial do Imigrante e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
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Conheça
um pouco mais sobre a história das ferrovias
no Brasil na exposição "Ferro,
Suor & Fumaça". Uma iniciativa
do Memorial do Imigrante e da associação
Brasileira de Preservação Ferroviária.
Memorial
do Imigrante
Exposição: "Ferro, Suor
& Fumaça: 150 anos de ferrovias no
Brasil"
Data: até 1º de agosto
Local: rua Visconde de Parnaíba,
1.316 - Mooca
Site: http://www.memorialdoimigrante.sp.gov.br/Realizad/Ferro.html
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