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Por Maria Clara Matos
Fotos por Cecília Bastos

 

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Foto crédito: arquivo pessoal
Com o pai Antonio Narvai Martinez e o primo Paulo Narvai Lima


Narvai ressalta que o momento de maior choque foi quando, na graduação, teve contato mais direto com as condições de saúde bucal da população. Isso porque quando criança “tinha uma visão do trabalho do dentista que era a e um paciente classe média, o que não proporcionava um verdadeiro conhecimento sobre os problemas enfrentados pela população em geral”. Em Curitiba, pôde presenciar o cenário devastador que cáries e doenças gengivais faziam na boca de escolares. “Aquilo me impressionou muito”, enfatiza.

Na universidade, a participação nos movimentos estudantis e movimentos sociais de luta pelo direito a saúde também contribuiu em muito para sua formação. Mas o professor lamenta, no entanto, o período da ditadura que viveu, em que as liberdades democráticas foram suprimidas no Brasil. “Foi uma época muito difícil, em que eram cometidas desde violências maiores como a morte e tortura de colegas, como violências mais sutis como a necessidade de mudar de nome”, relata.

Mas como jovem que tem seu sentimento de heroísmo, não deixou de lutar por suas convicções. Nos anos 70, conta que o Brasil convivia com uma pandemia generalizada de cárie, mais de 95% de crianças apresentavam o problema. Ele então, viu a necessidade de se envolver em projetos de prevenção direcionados à saúde pública. “Nós muitas vezes ficamos indignados com coisas que não nos parecem corretas e temos um sentimento de potência transformadora, o que é muito saudável.”

Isso fez com que, praticamente na metade do curso de Odontologia, Narvai decidisse que não montaria um consultório odontológico, “nunca me ocorreu me graduar, montar um consultório odontológico, me estabelecer como profissional liberal autônomo e atender a minha clientela”. Ele revela que desde a universidade e seu trabalho no Centro de Saúde de Cotia gostaria de realizar estudos na área de medicina preventiva e foi isso que o trouxe a São Paulo “Senti a necessidade de me preparar, de ter uma melhor formação nessa área, não sabia direito o que era odontologia preventiva e busquei o curso de especialização da Faculdade de Saúde Pública em 1981”.

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