É bem conhecida a importância que Aristóteles atribui ao "reto prazer" simultaneamente sensível e cognitivo - na Poética. Rosa transforma este elemento no tema aparentemente tão brasileiro e rosiano da "alegria". Elucidaremos, de um lado, as estratégias com as quais Rosa se inscreve firmemente numa longa tradição filosófica e estética; do outro, seu gênio de inovador-despistador, que esconde os problemas filosófico se funde a reflexão nas figuras concretas de suas histórias. elas, apanhamos apenas a lógica implícita do pensamento discursivo, que se apoderade nós com a leveza do prazer - da alegria.
A originalidade e a especificidade da obra de J. G. Rosa residem em sua capacidade de dialogar com culturas e formas de expressão muito diversas. Esse diálogo não nivela as diferenças sociais e políticas, religiosas e nacionais, estéticas e éticas, porém lhes confere tensão dramática e permite vê-las em perspectivas inusitadas. Analisaremos alguns desses eixos a partir da análise de "O Espelho", conto que visa, para além do diálogo com Machado de Assis, uma reflexão sobre o realismo e o idealismo na literatura. Rosa inscreve sutilmente sua reflexão poética na tradição de Flaubert e Dostoiévski, de Goethe e Musil.
Este artigo apresenta os grandes eixos escolhidos para a discussão do Colóquio dos 50 anos de Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile. O problema dos gêneros rosianos (caso, lenda, conto, poema, romance) tem íntima ligação com a tensão entre a particularidade característica e regional do material, de um lado, a ânsia universal e metafísica do outro. No tratamento mítico, Rosa procura transcender a objetividade crítica das análises sociológicas do ensaísmo dos anos 30 e 40 (Holanda, Freyre, Vianna).
Este artigo apresenta as obras de Machado e Rosa como duas formas complementares
de ultrapassagem do romantismo sentimental que aflige a cultura brasileira nos séculos
XIX e XX. Assim, vemos surgir uma certa continuidade entre os dois autores: isto é, o
princípio de compensação que nos faz passar da ironia prosaica de Machado à
intensidade íntima de G. Rosa, e da volubilidade frívola a uma profundeza
contemplativa ou trágica até então desconhecida na literatura brasileira.
Este artigo trata das múltiplas inspirações temáticas, estilísticas e atmosféricas que chegam a uma perfeita fusão poética em Grande Sertão: Veredas. Rosa concilia as lições do Kunstmärchen (conto popular artístico do século XIX alemão) com as tradições da poesia popular brasileira.
De Magma a Grande sertão: veredas e Primeiras estórias, Guimarães Rosa percorre uma trajetória incomum no panorama da literatura brasileira. Discretamente, ele renuncia às tendências modernis- tas que marcaram a época da sua juventude e sua primeira obra. A partir de Sagarana, dedica-se a uma narrativa que procura conciliar as exigências mais modernas e universais com modelos imaginários e artísti- cos que parece considerar como os núcleos da identidade brasileira. Rastrearemos os atalhos e desvios que levam do Magma poético às veredas romanescas, passando por inúmeras associações híbridas com escritores e pensadores nacionais e mundiais.
Reflexões em torno do Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, com abordagens que privilegiam gênero literário, engajamento político, adesão filosófica.
O artigo representa uma síntese bastante pessoal dos problemas e desafios que a obra de Rosa representa para a crítica e a teoria. Trata da sua posição no panorama das inovações da linguagem, das relações de Rosa com a filosofia, com a história e a história literária, dando relevo à especificidade epifânica da arte rosiana.