O mito de Fausto narra o pacto de um indivíduo com o demônio, a quem vende a alma em troca de poder, riqueza e juventude. A concretização do pacto depende do crédito na exis-tência do demônio, entidade que se manifesta tardiamente na Antiguidade, mas que se tor-na parte do pensamento cristão a partir da Idade Média. O mito de Fausto expande-se du-rante o período renascentista e depois, consolidando a personagem “pactária” enquanto pa-trimônio da literatura ocidental, de que são exemplo as obras “A Salamanca do Jarau”, de João Simões Lopes Neto, “A teiniaguá”, episódio de O Continente, de Erico Verissimo, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa.
Este artigo examina as obras de João Guimarães Rosa, Mário de Andrade e João Simões Lopes Neto com o objetivo de verificar em que medida pontos de contato identificados na ficção desses autores promovem rearranjos na série literária brasileira. O estudo parte da noção de tradição literária, tal qual formulada por T. S. Eliot e Jorge Luis Borges, e, em seguida, procura mapear a ocorrência de ressonâncias das principais obras de Mário de Andrade e Simões Lopes Neto na literatura de Guimarães Rosa. Assim procedendo, pretende averiguar como a obra de Guimarães Rosa ressignifica os textos de Mário de Andrade e Simões Lopes Neto, renovando sua legibilidade e modificando sua posição no campo literário.
Neste artigo, discutem-se aspectos relacionados ao caráter nacionalista da Literatura Brasileira durante o Romantismo e os seus desdobramentos em forma de manifestações literárias regionais. Com base em depoimentos de escritores como Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, José de Alencar, Bernardo Taveira Júnior, Guimarães Rosa e Simões Lopes Neto, procura-se mapear algumas causas para a regionalização da literatura e a transformação da região em uma espécie de pátria dentro da nação. O aporte teórico oriundo da Geografia Cultural contribui para fundamentar a discussão.
Este pequeno estudo apresenta as linhas gerais de uma discussão que mal começa no país: uma revisão da literatura que se ocupa do mundo interiorano, aqui chamado de sertão (por motivos que são explicados logo de início),para apreciá-la em sua dimensão de luto por um mundo que progressivamente vai sendo alcançado pela lógica do mercado, da cidade, da mercadoria. No centro dessa discussão, aparecem duas figuras de enorme valor literário, o escritor gaúcho Simões Lopes Neto e o escritor mineiro Guimarães Rosa. Do primeiro se analisam as condições conjunturais de sua produção literária; a seguir, são examinadas algumas aproximações entre sua obra e a de Rosa.
Este artigo analisa os livros regionalistas Contos gauchescos, de João Simões Lopes Neto, Lereias, de Valdomiro Silveira e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, que possuem em comum a narração em primeira pessoa. Objetiva-se compreender a criação de um sujeito ficcional que elabora um discurso que simula a fala típica de regiões específicas do país: o Sul, o interior paulista e o sertão mineiro, respectivamente. Uma das principais problemáticas que se impõem é a da oralidade, já que essas obras adotam adaptações de linguagem em busca de simular a expressão oral. Analisa-se também a forma como essa literatura lida com a perspectiva da subjetividade, levando em conta que a adoção da primeira pessoa convida à criação de situações emotivas e íntimas, direcionando frequentemente o texto no sentido da confissão. Por fim, observamos o quanto este tipo de “escrita do Eu” funda-se, na verdade, em uma espécie de “discurso do Outro” interno à economia da narrativa, demonstrando, assim, a autoconsciência da obra regionalista como uma linguagem mediadora entre as diferenças internas à cultura nacional.
O presente ensaio se propõe a analisar os contos A terceira margem do rio do escritor mineiro Guimarães Rosa, Travessia de Sérgio Faraco e O anjo da Vitória de João Simões Lopes Neto, escritores gaúchos. Foi observado, a partir da narrativa de três crianças, a tentativa de enxergar heróis nas figuras: o pai que buscou refúgio em uma canoa no rio, a busca pela sobrevivência do tio marginalizado e a morte precoce do padrinho na guerra. Os autores, através de seus heróis fragilizados, abordam de maneira particular o drama essencial, entre si mesmos e o mundo, através da imaginação das crianças que se envolvem com o arquétipo de seus heróis românticos. Considerando as referenciadas temáticas, ditas universais, algumas questões acerca da literatura regional foram ponderadas.
[Histórias incompletas, Graciliano Ramos
Contos gauchescos, Simões Lopes Neto
(reedição)
“E por falar em regionalismo, convém lembrar que se esgotou em poucos dias a primeira edição de Sagarana, o livro com que o sr. J. Guimarães Rosa fez sua estréia na ficção. A Editora Universal já está, mesmo, cogitando de lançar a segunda edição, tantos são os pedidos que não puderam ser atendidos.”
Érico Veríssimo estás escrevendo “A volta do gato preto”
Chama e cinza, Carolina Nabuco
(no prelo)
Escravas do amor, Suzana Flag]