Este trabalho propõe um exame comparativo do tema da infância e dos aspectos formais que ligam as narrativas “A menina de lá”, de Guimarães Rosa e “As flores de Novidade”, de Mia Couto. Para esse fim, o presente estudo traça como seu objetivo a compreensão das crianças e das linguagens poéticas criadas em língua portuguesa de Brasil e Moçambique sendo agentes de beleza e de sonho em períodos conturbados no Ocidente, como os anos da Guerra Fria e dos combates civis pós-libertação. Sendo composto por uma pesquisa bibliográfica, esse trabalho, volta-se para o exame das aproximações estéticas que fazem da literatura produzida pelo autor de Terra sonâmbula (1992), uma continuação das propostas lançadas pelo autor de Sagarana (1946). Frente ao exposto, pretender-se-á identificar os elementos componentes das narrativas e os pontos de convergência na infância, com base nos estudos de Bosi (2003); Rónai (2005), entre outros. Ao delimitar o estudo dessas obras, Rosa e Couto inserem-se no espaço das chamadas shorts estories. Logo, obtêm-se, entre outros resultados, a constatação de que esses grandes observadores-participantes das histórias contemporâneas de seus países estabelecem as personagens infantis como as únicas responsáveis por preencherem com os seus dons, o jardim do mal que configurou-se em grande parte do século XX.
Este trabalho propõe o estudo comparativo entre Guimarães Rosa e Mia Couto. O corpus é
composto pelos contos “A terceira margem do rio”, do escritor brasileiro e “Nas águas do
tempo”, do escritor moçambicano. Buscamos mostrar através do diálogo entre os escritores
como o hibridismo cultural aparece nas respectivas narrativas. Demonstramos a relação
existente entre o hibridismo cultural e o entre-lugar no plano discursivo. Realizamos um
comparatismo solidário, o comparatismo que enfatiza a troca cultural, o diálogo entre as
literaturas tal como definido por Benjamin Abdala Júnior. E fundamentamos o hibridismo de
acordo com o conceito de Homi K. Bhabha. Para o referido teórico o hibridismo é um terceiro
espaço no qual são produzidas novas significações. Em relação ao entre-lugar, termo cunhado
por Silviano Santiago, usamos conceitos estabelecidos pelo referido autor. Ao fim do estudo
concluímos que o imaginário ficcional dos autores estudados são similares e que a imbricação
entre os discursos do entre-lugar e do hibridismo cultural nos contos evidenciam o diálogo entre
as Literaturas brasileira e moçambicana.
Com base em entrevistas e depoimentos do escritor moçambicano Mia Couto, o texto focaliza aspectos deter- minantes para a relevância de João Guimarães Rosa na formação do sistema literário em países como Angola e Moçambique. Conceitos como tradição, modernidade, oralidade, utopia e política são revistos por Mia Couto, que identifica outros sentidos para os processos de reinvenção linguística que também o ligam a Guimarães Rosa.
El presente trabajo analiza, bajo una perspectiva antropológica, cada uno de los elementos de los ritos de iniciación vividos por los protagonistas de las obras Campo geral de Guimarães Rosa y Terra sonâmbula de Mia Couto, buscando rastrear en los textos elementos que están relacionados con la cultura de las sociedades tradicionales e identificar el significado de estos elementos en el contexto específico de cada uno de los autores. Ambos escritores mezclan estos componentes primitivos con la cultura regional y con esto logran, a partir de representaciones locales, alcanzar una amplitud universal.
O texto discute particularidades do modo de composição ficcional de Guimarães Rosa e Mia Couto, a partir da aproximação dos contos “A terceira margem do rio” e “Nas águas do tempo”.
O texto discute particularidades do modo de composição ficcional de Guimarães Rosa e Mia Couto, a partir da aproximação dos contos “A terceira margem do rio” e “Nas águas do tempo”.
Neste trabalho, estudaremos como se dá o processo de silenciamento do sujeito feminino a partir da análise dos contos “A benfazeja”, de Guimarães Rosa, e “Rosalinda, a nenhuma”, de Mia Couto. O sujeito feminino representado pelas personagens Mula-Marmela, na narrativa roseana, e Rosalinda, no conto de Mia Couto, se encontra subjugado à violência física e simbólica, seja por parte do grupo a que pertence, seja no interior do casamento. Nesse sentido, exploraremos como os narradores trabalham a questão da violência e o distanciamento que o grupo estabelece com as personagens. Focaremos nos discursos acionados como subterfúgio para os grupos transformarem tanto Mula-Marmela e Rosalinda em bodes expiatórios. Visualizando essas estratégias, defenderemos que os grupos se reafirmam como coletividade ao localizarem dentro da comunidade sujeitos vulneráveis para onde canalizarão a violência.
O objetivo deste trabalho é fazer um estudo comparativo acerca das personagens principais dos contos “A benfazeja”, do livro Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, e de “A Rosa Caramela”, publicado no livro Cada homem é uma raça, do escritor moçambicano Mia Couto. Mula-Marmela remete à protagonista, que livra o povo de um mal que pesa sobre o lugarejo. Já Rosa Caramela é uma personagem diferente, pois age de uma maneira excêntrica e é excluída da comunidade onde reside. Busca-se a articulação entre elas pela presença nos lugares onde vivem destacando-as pelas suas diferenças, enfatizando o narrador e a construção narrativa.
Em Mia Couto e Guimarães Rosa, o conto torna-se um gênero preferencial pela possibilidade de incorporar as características da tradição oral, reinventando estórias em que o real e o imaginário se misturam e produzem um novo discurso literário. Nessa perspectiva dialógica entre a literatura brasileira e a moçambicana, mais precisamente entre estórias de Guimarães Rosa e Mia Couto, faremos uma análise do conto “Famigerado”, do livro Primeiras Estórias do escritor brasileiro, e do conto “Afinal, Carlota Gentina não chegou de voar?”, do livro Vozes Anoitecidas do escritor moçambicano, observando como esses autores criam suas estórias numa perspectiva transculturadora.
Comparando o conto de Mia Couto “As águas do tempo” e o de Guimarães Rosa “A terceira margem do rio”, Olga de Sá apresenta a temática do tempo, visando a destacar o maravilhoso e o tempo sagrado kairós, nas duas narrativas.
Quando adentramos o universo literário de Mia Couto, percebemos uma relação com a obra de Guimarães Rosa. Ambos os escritores fazem parte do macrossistema das literaturas de língua portuguesa. De acordo com Jorge Luis Borges, o diálogo entre os escritores, por intermédio de suas obras, atualiza seus precursores. A partir deste ponto de vista, podemos perceber que alguns textos de Mia Couto
nos remetem a aspectos ainda não percebidos da obra do escritor brasileiro. Baseando nossa crítica no “comparatismo de solidariedade”, teorizado por Benjamin Abdala Junior, que rejeita fontes e influências e considera as literaturas no mesmo nível de igualdade, focaremos o conto “O homem cadente”, do livro O fio das missangas, de Mia Couto, comparando-o com o conto “Darandina”, do livro Primeiras estórias, de Guimarães Rosa.
Este trabalho tem como objetivo evidenciar que “viver é muito perigoso” não só em Guimarães Rosa, mas também em Mia Couto. Serão discutidas semelhanças e diferenças na representação dos cenários de violência ficcionalizados pelos dois autores. Além de analisadas as metáforas e inovações linguísticas presentes na linguagem de ambos os escritores. A intenção principal desta
comunicação é observar de que modo a literatura reflete acerca de diferentes formas de violência, levando os leitores a questionamentos críticos, tanto do ponto de vista social, como existencial.
O escritor brasileiro, Guimarães Rosa e o escritor moçambicano, Mia Couto
procuram, a partir da narração performática, materializar no texto literário a tradição oral,
retomando em suas produções literárias a performance narrativa dos contadores de estórias de
ambas as culturas. O objetivo deste estudo é propor um diálogo entre os livros de contos:
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, e Vozes anoitecidas, de Mia Couto na perspectiva de
seus narradores. Apesar da diferença espaço-temporal que separa essas duas obras, elas
mantêm entre si um intenso diálogo. Ambas são semelhantes no que se refere aos recursos
utilizados em sua construção, como por exemplo, a singularidade da linguagem, a prosa
poética e a tradição oral, fio condutor dessas duas narrativas. Evidenciaremos de que forma a
tradição oral está inserida na criação estética desses escritores. Para isso, serão apreciados os
contos “Luas de Mel”, de Guimarães Rosa e “Patanhoca, o cobreiro apaixonado”, de Mia
Couto. Destacamos a performance e as estratégias utilizadas pelos narradores dos respectivos
contos para inscrevem no texto o contador de estórias da tradição oral.
Dois escritores muito significativos, situados em espaços bastante diferenciados,
Guimarães Rosa, no Brasil da metade do século XX, e Mia Couto, no Moçambique
atual, são detentores de uma produção literária muito destacada no contexto contemporâneo.
Autores de romances e contos, os escritores apresentam, como elemento
primordial de sua literatura, uma maneira peculiar de utilização da palavra, tomada
em sua materialidade como um feixe de relações. Com o emprego não apenas do referente
semântico, mas do aspecto sonoro, são criadas novas afinidades entre significante
e significado, promovendo um efeito estético inusitado. Nessa perspectiva, pretendese
destacar aspectos da linguagem de Guimarães Rosa e de Mia Couto.