A literatura latino-americana tem, ao longo dos anos, tratado de forma especial as questões referentes à configuração discursiva as personagens femininas. Tal aspecto pode ser encontrado em textos tanto de autoria feminina como masculina. Apoiados nos pressupostos da Literatura Comparada, este trabalho busca eveidenciar tal fato pela comparação entre as personagens femininas protagonistas do conto Esses Lopes, do brasileiro Guimarães Rosa (1969), e Dos palabras, da chilena Isabel Allende (1989). Interessa-nos verificar como ambos os escritores reproduzem, pela arte literária, o cotidiano vivenciado pelas mulheres em sociedades nas quais imperam ainda valores patriarcais. Buscamos, pela comparação entre os textos escolhidos como corpus, mostrar que, independente do sexo de quem escreve um texto, a literatura, como arte que explora a potencialidade dos signos lingüísticos, vale-se do poder das palavras para revelar as condições existenciais da mulher, fazendo da literatura uma arma poderosa de conscientização e denúncia das injustiças sofridas pela população.
Neste artigo, comparo alguns textos de João Guimarães Rosa com filmes de Charles Chaplin e Pier Paolo Pasolini. O contraste está baseado nos temas do silêncio e da morte.
Este trabalho será desenvolvido com base em quatro contos de Guimarães Rosa: "Arroio-das-Antas", "Esses Lopes", Estória no 3" e "Estoriinha". A escolha desses textos como objeto de análise decorreu do fato de apresentarem como pontos de contato: a interdição, o amor, a punição, o destino e a morte, elementos que são comuns ao trágico. Nosso objetivo é tratar esses aspectos e mostrar de que forma instauram o humor nos contos mencionados.
Este trabalho tem como intuito analisar como se dá a manifestação do poder e da violência, tecido sobre a inevitabilidade e fatalidade inerente ao trágico, no conto “Esses Lopes”, de Guimarães Rosa, mostrando a forma como Flausina, a personagem-narradora, sofre um processo de anulação como ser humano diante da força opressora da ordem masculina, quando ela é transformada sucessivamente em esposa de vários homens da família Lopes. Para subverter isso, essa mulher vale-se da violência, o mesmo método com o qual a submeteram, revelando-se a única maneira possível de alterar uma lógica aparentemente imutável.
O principal objetivo deste ensaio é discutir duas narrativas cujas protagonistas são mulheres viúvas que confessam suas histórias de amor, seus dramas e suas tramas. Em ambas as narrativas, Machado de Assis e Guimarães Rosa dão a voz a narradoras protagonistas, recurso praticamente desconhecido e discutido pela crítica literária.
Apoiado nas conexões entre literatura e psicanálise, este texto enfoca uma personagem feminina de Guimarães Rosa, que, violada por poderosos de seu meio, elimina-os dissimuladamente, apropria-se de seus bens e aprende "as letras", tornando-se dona do próprio corpo, desejo e ato narrativo - algo raro na obra rosiana.
O presente artigo objetiva realizar uma análise do conto “Esses Lopes”, de João Guimarães Rosa. No texto literário em questão, o leitor se depara com uma narradora-personagem, a Flausina, que relata as diversas formas de violência vividas em sua juventude; bem como o detalhamento dos artifícios, por ela utilizados, para se livrar de seus sofrimentos. Para tal análise, primeiramente, será observada a opção narrativa do autor, recorrente em sua obra, em uma breve tentativa de localização da obra de Rosa no panorama literário brasileiro. Em seguida, será destacada a importância, para a construção do enredo, desta modalidade de narrador, que conta uma história da qual participou como protagonista. A análise segue com a evidenciação da pertinência, ainda atual, da abordagem da violência contra a mulher – tema que é tratado no conto em questão. Nesta análise será destacado, ainda, o modo pelo qual a narradora tenta superar seus traumas a partir da concretização de planos ardilosos e fatais contra seus opressores, tentando justificar, em seu discurso, suas ações, também
violentas. Empregam-se considerações teóricas de Bosi (1988), Genette (19--) e Reis; Lopes (1988), para auxiliar a tarefa analítica. Espera-se, com o presente artigo, refletir acerca da opção do foco narrativo e sua pertinência para a construção dos significados no conto.
Este trabalho tem como objetivo evidenciar que “viver é muito perigoso” não só em Guimarães Rosa, mas também em Mia Couto. Serão discutidas semelhanças e diferenças na representação dos cenários de violência ficcionalizados pelos dois autores. Além de analisadas as metáforas e inovações linguísticas presentes na linguagem de ambos os escritores. A intenção principal desta
comunicação é observar de que modo a literatura reflete acerca de diferentes formas de violência, levando os leitores a questionamentos críticos, tanto do ponto de vista social, como existencial.
Partindo de uma perspectiva que articula literatura e sociedade, o objetivo deste texto é analisar a figuração literária do patriarcado brasileiro no conto “Esses Lopes” presente no livro Tutameia, de João Guimarães Rosa. O patriarcado, entendido como estrutura de poder que mescla a dimensão familiar à social, surge no Brasil Colônia e toma outras formas, conforme as demandas da modernidade. “Esses Lopes” apresenta o patriarcado do ponto de vista de uma mulher que mata os violentos esposos. Os meios pelos quais ela comete os assassinatos expõem o papel histórico da mulher na sociedade patriarcal. A postura transgressora da protagonista se expressa simbolicamente na devoração, imagem que conjugará, ao mesmo tempo, o poder da palavra e os artifícios caseiros. Este artigo expõe alguns apontamentos alcançados na pesquisa de mestrado que investiga o mesmo tema também em outros dois contos: “Nada e a nossa condição”, de Primeiras Estórias, e “A volta do marido pródigo”, de Sagarana.
Em Guimarães Rosa, a mulher é vista como uma sertaneja ingênua, corajosa, às vezes sensual, valente e traiçoeira como uma serpente. No livro Mulher ao pé da letra, Ruth Silviano Brandão afirma que “[...] o feminino não se representa, é irrepresentável, mas tenta-se escrevê-lo” (BRANDÃO, 2006, p.7). Considerando a representação do feminino na literatura rosiana, o presente artigo recorta os contos Esses Lopes e Estoriinha do livro Tutameia, e busca, de forma comparativa, traçar os perfis das personagens Flausina e Elpídia, as quais estão inseridas em um contexto social predominantemente masculino.