O romance de Rosa, conforme apontam muitos estudiosos, concentra variadas possibilidades de leitura. Dentro dessa idéia cotejamos a hipótese de verificar alguns rastros do trágico no episódio do julgamento de Zé Bebelo. Nesse sentido, este trabalho propõe-se a fazer uma leitura comparativa entre o trecho citado do romance e a tragédia grega de Ésquilo, observando de que forma o julgamento de Orestes ecoa no tribunal do sertão montado por Guimarães Rosa.
Este trabalho analisa a novela "O recado do morro", de João Guimarães Rosa, sob o viés da Psicanálise. O ensaio de Jacques Lacan "Seminário sobre 'A carta roubada'", o qual foi inspirado no conto de Edgar Allan Poe "A carta roubada", será utilizado como material teórico de comparação na análise do automatismo de repetição do enigma proposto tanto aos protagonistas quanto aos leitores dos textos de Poe e Rosa.
Estudo de três contos de Sagarana e de fragmentos de Grande sertão: veredas, orientado pela perspectiva dos estudos culturais, cujo foco é a representação de determinadas formas de manifestação de violência vinculadas aos paradigmas de honra e vingança (presentes no imaginário da cultura popular do sertão mineiro), através de uma metodologia interdisciplinar inerente à análise das relações entre literatura e identidade
cultural.
Este artigo apresenta uma reflexão acerca dos três amores do personagem Riobaldo na construção do romance Grande sertão: veredas, baseada na mitologia grega e no texto “O banquete” de Platão. Faz-se referência também à obra A divina comédia. Busca-se reconhecer a importância da figura feminina para o desenrolar da narrativa, como se realizam a representação e a composição do feminino no universo do romance a partir de obras clássicas e como se realiza a ascese humana por meio do amor.
Grande sertão: veredas é um romance escrito que faz da oralidade o meio pelo qual a narração se constitui. João Guimarães Rosa constrói, assim, uma forma de interação ficcional que depende da voz que fala, como foco narrativo, e do uso de uma temporalidade própria, que distancia narração e narrativa, mas mantém a primeira em uma espécie de suspensão temporal. Essa suspensão evidencia a presença do autor como organizador do jogo ficcional.
Este breve estudo pretende problematizar alguns aspectos importantes das obras de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa - São Bernardo e Grande sertão: veredas - que, inseridos em nossa história literária, buscaram, por meio de recursos estéticos diversos, transfigurar uma realidade difícil de ser abarcada, tentando identificar o que essas obras têm a nos dizer enquanto narração de um país que ainda está em busca de encontrar seu próprio caminho no mundo. Pretende-se, então, refletir alguns aspectos dessa relação entre literatura e nação, principalmente como a literatura pode dar a ver, por meio de sua transfiguração da realidade, os mecanismos que regem a sociedade, em especial as forças que se estabeleceram nas diversas fases de nosso processo de modernização.
Este artigo investiga mythos e logos em “O recado do morro”, de João Guimarães Rosa, enfatizando as variações discursivas de um tema recorrente; realismo e mito; a sabedoria fantasiosa dos excluídos; e o mundo como um processo de exegese. Destarte, ele conta contribuir para o estudo da visão de mundo do autor, e sugere uma ligação entre esta história e o pós-modernismo.
Este artigo, por meio da análise do conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, de João Guimarães Rosa (Primeiras estórias, 1962), procura dialogar alguns de seus elementos e procedimentos literários a noções e posturas tanto estéticas como ideológicas elaboradas pelo ensaísta, poeta e romancista martinicano Édouard Glissant, principalmente com relação à Poética do Diverso, abordando o tratamento da alteridade, sua opacidade e o papel central do canto na narrativa escolhida.
Este trabalho enfoca duas narrativas deTutaméia, de João Guimarães Rosa,“Ripuária” e “Orientação”, que se voltam para a problemática da fronteira, do outro, do diferente, remetendo-nos também a questões como globalização e tradução. As relações entre narração, discurso e diegese em Tutaméia e sua versão alemã constituíram o ponto de partida de nossa pesquisa. Ao final, foi preciso considerar a questão da transculturação como fundamental para se compreender a obra desse autor.
Em Tutaméia, Guimarães Rosa cria um prefácio em que predominam piadas que têm como assunto a figura do bêbado. Mas, muito além de uma simples antologia de anedotas, o que o autor propõe em Nós, os temulentos, é uma tentativa de compreensão do drama da existência humana, aproximando-se do leitor e convidando-o a adentrarem, juntos, nessa questão transcendente. A máscara do temulento não se restringe a Chico, personagem do prefácio, mas se estende a outros personagens da obra, que compartilham de uma observação marginal, de uma dupla visão da realidade.
(Poema publicado no jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 22 nov. 1967; reproduzido, posteriormente, em PEREZ, Renard. Em Memória de João Guimarães Rosa. Rio de Janeiro, José Olympio, 1968; e em edições seguintes de Sagarana).