Programa de Pós-Graduação em Letras
Partindo do pressuposto de que há grande dificuldade e resistência, tanto por parte dos docentes quanto dos discentes, no trabalho com a leitura, principalmente com a leitura do texto literário, e que, como consequência de tais obstáculos, o contato com obras de reconhecidos autores da literatura brasileira, ainda no ensino básico, tem se tornado escasso, o objetivo desta pesquisa é propor/ensaiar um trabalho em sala de aula com quatro contos do livro Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, a saber: As margens da alegria, A menina de lá, A partida do audaz navegante, Os cimos , que terá como principal metodologia a condução feita pelo professor por meio do ler com, da leitura conjunta com os alunos. Desse modo, podendo verificar como se efetiva o processo de construção de sentidos por parte do leitor e, a partir dos resultados observados, propor que o ensino de literatura se dê, sobretudo, por meio do próprio texto literário, uma vez que os alunos, enquanto leitores, são também participantes do fazer literário, sendo capazes de compreender o trabalho estético com a linguagem e os efeitos de sentido provocados por ela. A prática foi aplicada a alunos concluintes do Ensino Médio, uma vez que é, nesse nível de ensino, segundo os parâmetros curriculares nacionais, que os estudantes, de fato, entram em contato com o cenário geral da literatura brasileira. O aporte teórico que sustenta a pesquisa gira em torno da relação autor-texto-leitor, com especial atenção para o contato do leitor com o texto literário, buscando entender como o leitor age para produzir algum sentido naquilo que lê; portanto, os teóricos da recepção foram os selecionados para estudo. Iser ganha destaque nesta pesquisa, com suas postulações acerca do texto como um campo de jogo em que o leitor é chamado a adentrar e participar. Segundo ele, os autores jogam com os leitores e o texto é o campo de jogo. O texto é composto por um mundo que ainda há de ser identificado e que é esboçado de modo a incitar o leitor a imaginá-lo e, por fim, a interpretá-lo. (ISER, 2002).