Faculdade de Letras, Departamento de Lingüística e Filologia
A análise textual fundamentada nos princípios metodológicos de leitura propostos por Roland Barthes. A importância do estudo do texto na obra de Barthes, suas características principais, o texto como processo de escritura, resultado da interação escritor/leitor; o texto plural. A escritura curta, estratégias dos fragmentos. Estrutura e estruturação: a análise estrutural da narrativa, regras funcionais de recorrência e sistematicidade, a procura de unidades sintáticas e semânticas mínimas responsáveis por uma rede de significação hierarquizada; a análise textual, mecanismos de produção do texto enquanto processo de escritura e significância. Releitura do conto Sarapalha de Guimarães Rosa, o estudo das lexias, as conotações, interrelação de códigos, a estruturação da leitura.
Este trabalho tem como objeto de estudo as obras de João Guimarães Rosa Sarapalha, Corpo fechado e A terceira margem do rio e de Juan Rulfo Luvina e Pedro Páramo. Partindo destes materiais literários analisamos as categorias da transculturação, as relações entre escrita e poder e as implicações das teorias de Ángel Rama para a análise cultural da América Latina. Fundamentam este estudo as teorias críticas desenvolvidas por Roberto González Echevarría, Alberto Moreiras, Antonio Cornejo Polar e Jacques Derrida. Desta forma, o trabalho passa pela discussão de temas como a influência, a mediação e a representação do discurso antropológico na literatura, o debate entre a oralidade e a escrita e o papel paradoxal da literatura na América Latina.
As relações entre literatura e música constituem o objeto de pesquisa desta tese, dadas por meio da leitura de Sagarana, em especial: O burrinho pedrês, Sarapalha, Corpo fechado e A hora e vez de Augusto Matraga. O conceito de musicalidade incorpora as virtualidades sonoras da língua, as cantigas populares e as técnicas e formas eruditas da música, tais como contraponto e sinfonismo.
O objeto de estudo desta tese são algumas das narrativas elaboradas por João Guimarães Rosa e compiladas nos livros: Sagarana, Primeiras Estórias, Estas estórias, Ave, palavra, Corpo de Baile e Grande Sertão: Veredas. A análise deste corpus tem a finalidade de verificar até que ponto essas narrativas ajudam a repensar o conceito de homem cordial presente no pensamento sociológico brasileiro, tendo em vista, sobretudo o desenvolvimento deste conceito no ensaio Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (doravante SBH). Dada a inscrição dessas narrativas entre o sertão arcaico e a fundação do ambiente urbano brasileiro, mesmo panorama discutido por SBH, a partir da argumentação desenvolvida, concluiu-se que há um reaproveitamento estético de algumas das principais discussões desenvolvidas por SBH, sobre as raízes da sociedade brasileira. Acredita-se que tal reaproveitamento estético permite que a cordialidade ressoe no corpus analisado, o que nos leva a forjar aqui o qualificativo de poética da cordialidade para as narrativas produzidas por JGR e a enxergar no perfil biográfico desse autor um intérprete do Brasil.
Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras
A presente dissertação tem por objetivo promover um estudo comparado entre dois textos distintos. O ponto de partida deste trabalho é o conto "Sarapalha", presente no livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa. Trata-se da estória de dois primos maleitosos, Ribeiro e Argemiro, que aguardam diariamente a chegada da febre. Toda a ação se desenvolve em torno de uma situação estática determinada: dois homens, sentados lado a lado, em silêncio (ou trocando palavras vazias), impregnados pela solidão e escravizados por uma rotina angustiante - situação que se desestabiliza no instante em que a dor de uma ausência é revelada. Esse retrato particular desenvolvido por Rosa aponta para uma semelhança notável com Esperando Godot (1952), texto dramático do irlandês Samuel Beckett. Obra de peso na dramaturgia do século XX, Esperando Godot trata da estória de dois mendigos, Vladimir e Estragon, que se encontram diariamente para esperar pelo sempre ausente Godot. Observa-se que a mesma dor insuperável daquelas personagens de Rosa permeia esse texto beckettiano, razão pela qual proponho a sua inserção no presente estudo. Mais do que uma situação semelhante, o parentesco detectado parece revelar uma consciência comum que justifica e move esses discursos. Resgatando experiências filosóficas distintas - como o trágico e o absurdo - este estudo procura verificar convergências e divergências entre os referidos textos. E, no decorrer da pesquisa, essa leitura cruzada deverá encontrar um mesmo sentimento, que abraça e atende a esses discursos. Enfim, a leitura que aqui se efetiva busca realimentar as considerações teóricas sobre ambos os textos, além de inseri-los dentro de uma mesma perspectiva.
Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária
O objetivo desta dissertação é investigar a presença da entidade Autor-Criador em interação com as personagens nas narrativas São Marcos e Sarapalha , da obra Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967). A partir dos pressupostos da estética material de Mikhail Bakhtin (2006), entende-se que não há vinculação entre obra e vida do autor, considerando que a literatura corrente faz a conexão do estudo da obra à vida do escritor, para apenas ouvir a sua voz, a revelar-se em confidências. Para o autor, toda análise estética não deve ser orientada diretamente sobre a obra, mas sobre o que a obra representa para a atividade estética do artista e do leitor. Nosso objeto, aqui, se delineia como o conteúdo dessa atividade estética orientada sobre a obra: o objeto estético. Esta é a dupla perspectiva, aqui, aplicada à leitura das narrativas rosianas: ler o objeto estético na sua singularidade e na estrutura artística chamado objeto estético arquitetônico, concepção que permite ao Autor-Pessoa (elemento ético-social) desdobrar-se em Autor-Criador (elemento constitutivo da forma artística). Dessa forma composicional é concretizada a unidade entre a consciência do Autor- Criador e o mundo exterior resultante de uma Mente arquitetônica, que faz do mundo (outrem) seu enunciado, e, desse, sua consciência: com esse olhar pretendemos ler o estranho em Guimarães Rosa. Em outras palavras, ler a forma artística em acontecimento ou realização. A metodologia de leitura aplicada neste estudo também se fundamenta no conceito de objeto estético, ao praticar a discriminação e isolamento do material analítico-dedutivo da percepção habitual para o insólito da forma artística literária de ambos os textos os contos de Sagarana em suas especificidades crítico-interpretativas. O teórico de nossa referência é Mikhail Bakhtin e os autores de apoio conceitual aplicados à análise e interpretação assim se nomeiam: Tzvetan Todorov; Katerina Clark & Michael Holquist; Roland Barthes; Antonio Cândido; Massaud Moisés; Carlos Alberto
Faraco; Marília Amorim; Renata Coelho Marchezan.