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Por Maria Clara Matos
Fotos por Cecília Bastos

 

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Foto crédito: Cecília Bastos
“Aqui na cidade de São Paulo, por exemplo, cerca de 50% das crianças em idade escolar não têm e nunca tiveram cárie”, salienta Narvai


Mas as distorções que atingem o sistema de saúde pública não param por aí. No Brasil, é comum o fato dos indivíduos recorrerem a hospitais e órgãos de saúde mais especializados, buscando cuidar de doenças simples que poderiam ser sanadas em unidades básicas, como postos e centros de saúde. “Às vezes as pessoas são internadas por conta de uma deficiência do funcionamento dessa chamada rede básica de saúde”, afirma.

Narvai destaca que as pessoas precisam ser bem atendidas e isso às vezes não ocorre, porque as chamadas unidades básicas não dispõem de uma tecnologia de atendimento que consiga atendê-las eficientemente. “Certas vezes associamos o termo tecnologia a equipamentos sofisticados e computadorizados, mas tecnologia é também o modo de atendimento, como organizar uma fila, por exemplo.”

Além disso, a saúde pública não se preocupa somente com indivíduos doentes. O professor fala com orgulho do Programa Nacional de Imunizações, que segundo ele é um “um dos melhores projetos de vacinação do mundo e escola para agentes de saúde pública”. As vacinas estão disponíveis em todas as unidades do sistema de saúde brasileiro e a essa rotina de serviços é acoplada as campanhas de vacinação que costumam mobilizar diversos setores da comunidade. Narvai comenta que há a comoção de diversas pessoas, desde um dono de posto de gasolina que auxilia na campanha, ou mesmo os supermercados que montam postos de vacinação.

O especialista, no entanto, comenta: “Saúde pública é mais do que assistência aos indivíduos, há coisas que as pessoas não solicitam individualmente aos serviços de saúde. Ninguém procura um médico para dizer, que ele precisa cuidar melhor do pão que comemos, por exemplo.” Associa-se o Sistema Único de Saúde (SUS) a prontos- socorros e filas imensas, mas hoje, nós todos nos beneficiamos do trabalho que o SUS realiza”. Ele ainda ressalta: “O pão, o leite e o queijo que comemos no café da manhã passam pela análise da vigilância sanitária que é o SUS quem realiza. É o que chamamos de SUS invisível”.

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