Objetivo mostrar, neste artigo, como se dá a individuação, na perspectiva junguiana, das personagens do conto “Substância”, Sionésio e Maria Exita, mediante a conjunção dos opostos que o casal representa. Através do polvilho, aqui, o elemento conciliador das dicotomias, Sionésio e Maria Exita atingem a totalidade, ou seja, a união harmoniosa das naturezas antinômicas, possível após a experiência conjunta das personagens, quando Maria Exita labutava na dura lida com o amido e, como que influenciado pelo aspecto numinoso do polvilho, Sionésio pede a moça em casamento.
Este artigo visa descortinar os espaços presentes no conto Substância de Guimarães Rosa.
Partiremos da metodologia da Topoanálise para identificar os espaços e, a partir deles, entender como se constrói a trama narrativa na obra selecionada. Nosso objetivo é desvendar de que modo o espaço contribuiu para a criação da obra, das personagens e dos rumos que a trama segue. Para isso,
selecionamos os principais espaços desta narrativa.
Depois de um breve mapeamento de como a crítica literária já associou os nomes de Guimarães Rosa e Valdomiro Silveira, passamos à análise comparativa de "Substância" e "Cena de amor", verificando não propriamente uma relação intertextual entre esses contos, mas uma série de expressivas semelhanças estruturais e temáticas que os aproxima. Como resultado, propomos a validade de se recuperar e valorizar um texto escrito por um escritor "menor", por meio de seu diálogo e contraste com uma criação de um autor consagrado e a constatação de seu papel específico de veiculação de diferentes sentidos e visões de mundo.
Este trabalho pretende apontar características temáticas e estilísticas do conto “Substância”. Tal análise será empreendida a partir de fragmentos da obra nos quais se poderá observar a presença de traços típicos da terceira geração do Modernismo (geração de 1945) unidos à estética inovadora de Guimarães Rosa – autor consagrado como um dos maiores nomes da Literatura Brasileira. Nesses excertos, explorar-se-ão possíveis significados da cor branca, a qual, sem dúvida, levará à temática do conto; além disso, pretende-se analisar a linguagem rosiana, que é expressiva e simbólica, para retratar um mundo sertanejo recriado pela expressão literária, mítico e metafísico.
O presente trabalho é parte dos resultados da pesquisa intitulada “Caprichosas e ousadas manipulações da gênese inventiva de Guimarães Rosa em Primeiras Estórias”, vinculada ao projeto Estudos do Léxico do Português, em torno da produção neológica de Guimarães Rosa na obra Primeiras Estórias. A referida obra constitui-se de uma coletânea de vinte e um contos, publicada pela primeira vez em 1962, em que tomamos como corpus para este estudo o conto Substância. Dessa forma,
pretendemos analisar os neologismos presentes no referido conto, de modo que além de fazermos a descrição dos processos de formação utilizados, procuraremos compreender o encontro provocado pelas culturas erudita e popular, que são, ao mesmo tempo, distintas e complementares, tão sincréticas e diversas como o é Rosa, homem sertanejo e erudito, sabedor das palavras do povo rural e conhecedor de estratégias para reelaborá-las ao sabor de ousadas manipulações lexicais. Acreditamos que através
desse estudo podemos contribuir para os estudos linguísticos na área de morfologia com foco na formação de novas palavras, de modo especial nas obras de Guimarães Rosa cujas criações em favor da estética literária provocam o encontro e a união do erudito e do popular em uma única palavra.
A busca constante da transformação do modo de ver o mundo faz da obra de Guimarães Rosa uma grande paideia, que incita o jogo do devir, o jogo de atravessar, o jogo das metamorfoses contínuas e comuns de toda forma de vida. O narrador rosiano põe o leitor em constantes rupturas da lógica e dos pragmatismos humanos, a fim de descontruir a automatização dos homens e do mundo. Assim, neste trabalho, o que se objetiva estudar é a representação das personagens rosianas em busca de sua construção como indivíduos, especialmente no que tange à sua nova compreensão do amor e da alegria, o que se pode verificar em contos da obra Primeiras estórias, e que em última análise pode ser visto como uma nova proposta de construção interior para o homem, diante de sua realidade.
O termo “masculinidade tóxica” está em voga, contudo, na literatura brasileira, na década de 60 já era possível encontrar personagens que questionavam esse perfil masculino pautado na força bruta, na agressividade e na não demonstração de sentimentos de carinho e afeto. Desse modo, neste trabalho, faremos um percurso analítico acerca de alguns dos personagens criados por João Guimarães Rosa, em Primeiras estórias, mais especificamente nos contos: Famigerado; A benfazeja; Os irmãos Dagobé; Luas-de-mel e Substância, a fim de constatar como esse autor mineiro já traçava um delicado e, ao mesmo tempo, profundo questionamento sobre a figura do homem em sociedade e desse perfil de masculinidade. Assim, percebe-se que vários personagens já nos forneciam indicativos de uma masculinidade plural, como a defendida em nossa época, ou seja, que busca se afastar de modelos estáticos, pré-concebidos e estereotipados. O que, por sua vez, indica que essas narrativas proporcionam reflexões quanto a percepção e evolução da compreensão da masculinidade em nossa sociedade.
No presente artigo analisamos o conto "Substância" de "Primeiras Estórias". Nossa atenção concentra-se nos pares de contrários eu/outro, masculino/feminino, razão/emoção, repouso/movimento que no final do conto são harmonizados. A problemática dos contrários preocupou o homem desde seus primórdios. Assim, já a encontramos nos mitos primitivos, nos primeiros filósofos gregos, como em Heráclito, por exemplo. Modernamente, os contrários ocuparam a atenção de Hegel em sua dialética e a de Jung em sua psicologia, levando-o a voltar-se para a mitologia. Em nossa análise, portanto, serão recorrentes as referências à mitologia, à filosofia e à psicologia junguiana. O título do artigo é tomado de empréstimo ao próprio conto que ora consideramos. Propositalmente escolhemos este sintagma, "um-e-outra", já que nele temos dois pares de contrários: eu/outro, masculino/feminino que são harmonizados, formando assim uma só substância.
Analisam os a narrativa fílmica de Pedro Bial Outras estórias que retoma cinco contos de Primeiras estórias, de Guimarães Rosa. O enfoque da análise são os motivos casamento e velório, que figurativizam os valores universais vida/morte, e o espaço do sertão. A partir desse recorte, propomos uma leitura que pretende demonstrar como o texto de Bial constrói a Cinderela do sertão mineiro.
O livro Primeiras Estórias (1962) do escritor Guimarães Rosa é formado de 21 narrativas. Interpretando cinco contos de Primeiras Estórias, "Famigerado", "Soroco, sua mãe, sua filha", "Os irmãos Dagobé", "Nada e a nossa condição", "Substância", o diretor de cinema Pedro Bial compõe o filme Outras estórias (1999). Comparando esses textos verbais de Guimarães Rosa com o filme de Pedro Bial, ressaltaremos os mecanismos discursivos que constroem Maria Exita: a Cinderela do sertão rosiano.
Este artigo é uma análise estrutural do conto Substância,do livro Primeiras estórias, de Guimarães Rosa; discute,sobretudo, os conflitos psicológicos presentes nas relaçõesamorosas, o quanto esses conflitos estão condicionadosao meio social e um modo específico de superá-los: aexperiência mística.
Guimarães Rosa tem obras extensas e ricas que possibilitam fazer várias análises. Neste trabalho foi designado o conto ?Substância? parte do seu livro "Primeiras Estórias", tem como personagem principal Sionésio, homem simples, de poucas palavras e trabalhador, Maria Exita sua empregada e outros, é essa história de amor e razão que norteia o Conto. Esta obra faz parte do seu acervo para leitura e análise onde é possível abordar a Sociologia, a Psicanálise e a Estilística.
Este estudo tem como objetivo discutir o processo de construção do vínculo amoroso/conjugal por meio da análise do conto Substância, do livro Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, publicado em 1962, compreendendo a influência da escolha amorosa no modo de subjetivação das personagens principais, Sionésio e Maria Exita. O conto foi discutido em profundidade a partir de uma leitura psicanalítica sobre a conjugalidade e a transmissão psíquica intergeracional. Os laços afetivos de Maria com sua família são marcados pela negatividade, ancorados pela possibilidade de transmissão de tradições pecaminosas, transgressoras e mórbidas. Com o passar do tempo, ela vai deixando de ser uma menina franzina para se tornar uma bela mulher, despertando o amor de Sionésio. A partir do momento em que este se permite olhar para a essência de Maria Exita (ou a sua substância, para além do polvilho), são criadas as condições para que ocorra o encontro amoroso, que irá preencher o vazio da vida de Sionésio. As memórias e medos que os assombravam são mitigados pelo alvor do polvilho macerado na laje, em um processo de transformação da substância que une o casal: o sentimento amoroso. Assim, a conjugalidade ocupa um importante papel na transformação identitária dos personagens, alcançada pelo reconhecimento do outro como disparador do movimento de reorganização psíquica.
Este ensaio tem como objetivo analisar as formas como Guimarães Rosa representas as relações sociais em Primeiras Estórias, através do uso de técnicas orais de composição narrativa. Utilizando narradores que experimentam aquilo que narram, na perspectiva de Walter Benjamim, ele descreve o inesperado que ocorre no cotidiano, da realidade sertaneja. As análises se deterá nas mudanças apresentadas em três em relações tradicionais do sertão: a mobilidade social, a violência como modo der resolver os problemas e a exploração da força de trabalho. Ao optar por representar essas mudanças, Guimarães Rosa discute, mesmo sem o propósito intencional, a história contemporânea.