A fotografia em destaque é de Elisa Branco Batista, cujo original encontra-se anexado ao seu prontuário policial. Registra o momento em que Elisa recebeu o Prêmio Internacional Stálin da Paz no Palácio do Kremlin em Moscou, em 1953. Elisa Branco, que foi presidente de honra da Federação de Mulheres do Estado de São Paulo e vice-presidente do Movimento Brasileiro dos Partidários da Paz, era reconhecida [e por isso foi perseguida pelo Deops/SP] como líder feminista do Partido Comunista Brasileiro.
Elisa começou a ser vigiada pelo Deops em 1945, quando ainda residia em Barretos, no interior de São Paulo. Atuava como secretária do Comitê Municipal e estava envolvida em campanha eleitoral, sendo responsável pela distribuição de propaganda do partido. Mudou – se para São Paulo em 1948, e a partir de então começou a trabalhar em prol da Campanha pela Paz Mundial, “instalando uma mesinha para assinaturas na Praça do Patriarca”. No mesmo ano, foi detida com outros comunistas que organizavam a instalação do I Congresso dos Trabalhadores Têxteis do Estado de São Paulo. Contudo, foi no dia 7 de setembro de 1950 que Elisa Branco pronunciou-se contra a guerra e tornou-se a “heroína da paz”. No dia da comemoração oficial da Independência do Brasil, que aconteceu no Vale do Anhangabaú, e que reuniu autoridades estaduais e federais, a costureira comunista exibiu, com a ajuda de outros comunistas, uma faixa com a seguinte frase: “Os soldados, nossos filhos não irão para a Coréia”. Tratava – se de um protesto contra o apoio do Brasil aos Estados Unidos na Guerra da Coréia. Também estavam em seu poder vários boletins “subversivos” intitulados “Ao coração das mães brasileiras” e “Soldados e Marinheiros”. Por estes fatos, Elisa foi presa, e posteriormente julgada e condenada a quatro anos e três meses de prisão. Durante o período que ficou presa no presídio Tiradentes, muitas manifestações ocorreram e prol da libertação de Elisa Branco Batista. O Partido Comunista e o jornal Hoje lançaram forte campanha, e até a Rádio de Moscou, em sua transmissão para o Brasil, dedicou alguns minutos em propaganda pela sua liberdade. Em janeiro de 1951 foi signatária de uma carta da Casa de Detenção, com o título: “Não criamos nossos filhos para a Guerra”. Em maio do mesmo ano, o Presidente da Associação Beneficente dos Operários de Indianópolis, enviou ao governador do Estado, um ofício que pedia a libertação de Elisa Branco. Em outubro de 1951 foi posta em liberdade. Elisa Branco foi homenageada por sindicatos e organizações de mulheres e operários. Deu continuidade a sua vida política participando dos Congressos pela Paz e dos eventos organizados pela Federação das Mulheres de São Paulo. Em 1964 foi novamente detida pelo DOPS, mas logo libertada.Mais Destaques