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Campanha da meia de lã para o expedicionário brasileiro
Prontuário: Fundo DEIP - E 6746
Pesquisador: Olívia Pavani

A fotografia em destaque é uma amostra exemplar das recentes pesquisas desenvolvidas pelo PROIN junto ao Fundo DEIP - Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda, sob a guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Em breve colocaremos á disposição dos consulentes deste site uma Base de Dados que expressa a versão oficial dos fatos “construída” pelo Estado sob a ditadura de Getúlio Vargas.

Desde o ingresso do Brasil na Segunda Guerra ao lado dos Aliados em 1942, multiplicaram-se os registros produzidos pela Agência Nacional do DEIP/SP que, valendo-se dos discursos oficiais e da fotografia, procurava incutir no povo os conceitos de cidadania e nacionalismo. Ao mesmo tempo, estas matérias reforçavam a imagem de Getúlio Vargas apresentado (e fotografado) como um grande estadista, minimizando seu perfil de ditador.

A fotografia “Alunas do Grupo Escolar Campos Sales tricotam meias para os Expedicionários”, produzida em 25 de novembro de 1944, integra o conjunto das Pautas de Serviço da Agência Nacional em São Paulo (DEIP/SP). Registra a iniciativa das professoras e alunas do 4º ano primário do Grupo Escolar Campos Sales de tricotarem o maior número de meias possível para os combatentes brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Expressa um momento alegre da Campanha da meia de lã para o expedicionário, uma iniciativa lançada pela Liga da Defesa Nacional que contou com a importante participação dos grupos escolares do Estado São Paulo.

Importante ressaltar que o Brasil se manteve neutro diante do conflito mundial até janeiro de 1942, quando ocorreu o rompimento de relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo. Em agosto deste mesmo ano, o governo brasileiro declarou-se em guerra posicionando-se contra o nazismo e o fascismo na Europa. O governo brasileiro enviou à guerra, com a Força Expedicionária Brasileira (FEB), 25.334 soldados e oficiais. Além destes, foi também um contingente da Força Aérea Brasileira (FAB), principalmente para missões de reconhecimento, além de médicos, enfermeiras e pessoal de apoio de retaguarda. O Primeiro Escalão da Força Expedicionária Brasileira enviado para Nápoles em 2 de julho de 1944, encontrava-se no front italiano junto às divisões aliadas.

A fotografia em destaque serviu à propaganda política sustentada pelo Estado Novo que invertia na imagem ideal do “cidadão-soldado” e reforçava junto aos jovens a importância do serviço militar como escola geradora de civismo e patriotismo. Demonstra que a Liga de Defesa Nacional conseguiu mobilizar a população de São Paulo, e em especial os estudantes que, neste caso, demonstram estar empolgados por um sentimento nacionalista revitalizado pela guerra. Ao mesmo tempo a imagem das meninas tricotando servia também para reforçar os papéis sociais a serem desempenhados, de forma bastante distinta, pelo homem e pela mulher. Os homens eram os responsáveis pela defesa da pátria enquanto que a mulher deveria dedicar-se as prendas domésticas e/ou as ações educativas.



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