Sarapalha, conto presente no livro Sagarana, de João Guimarães Rosa, apresenta-se como um importante texto para o mapeamento de questões sociológicas do interior de Minas Gerais – mais especificamente as margens do rio Pará – demonstrando os processos migratórios e a escravidão social e pode ser analisado sob o viés da temporalidade, da ambientação e da mobilidade das personagens que demonstram o processo de decadência do patriarcalismo no Brasil. A sensibilidade artística de Guimarães Rosa nos apresenta um retrato geográfico, social, histórico e narrativo de ampla significação e múltiplos sentidos que apontam para o íntimo do ser humano e para os conflitos que podem ser despertados por personagens silenciosas que transitam e migram em meio a personagens concretas e observáveis para os padrões literários, como concluímos neste artigo.
O presente trabalho pretende uma análise comparatista entre as obras “Sarapalha”, conto do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, e Esperando Godot, peça teatral de Samuel Beckett. Percebemos que as duas obras, embora pertencentes a gêneros literários distintos, e escritas em condições de produção específicas, possuem vários pontos que as aproxima. Consideramos que o confinamento espaço-temporal dos personagens é um ponto de convergência entre as duas obras em seus aspectos composicionais. Observamos, também, os vários jogos que são estabelecidos, visando a ocupar o tempo cronológico e psicológico dos personagens; assim como o passado que se incorpora de maneira profundamente arraigada em suas vidas e a perplexidade diante da existência se configuram no constructo dos textos.
Este trabalho conduz a uma visada literária e cultural, em que os olhares se voltam para as obras Pedro Páramo, de Rulfo e "Sarapalha", de G. Rosa, buscando compreender valor de duas produções distanciadas pelo espaço de uma realidade geográfica mas, entretanto, próximas por interações e diálogos.
Neste artigo lançamos um olhar sobre a trama simbólica presente na adaptação teatral do conto Sarapalha e o processo criativo do encenador. Procuramos apontar o elemento que, segundo nossa hipótese, serviu como ponto de convergência entre as duas linguagens: o fogo.
É bastante usual, em Literatura, uma obra literária retomar algo de outras que a precederam.
Estabelecer um diálogo entre vários textos foi praticamente o que constituiu a condição de existência do texto literário. Não foram poucos os teóricos que se dedicaram a tecer comentários sobre aspectos intertextuais entre os mais diversos autores. No contexto pós-moderno, o ato intertextual parece ter sido levado às últimas consequências, pois se nota que as relações entre determinados textos atingiram um alto grau de evidenciação. Neste trabalho, analisamos as reescrituras do conto roseano Sarapalha, através dos textos de Amador Ribeiro Neto (Caso na Roça), Bernardo Ajzenberg (O Vapor da Pedra) e Geraldo Maciel (Os Primos), reunidos no livro Quartas Histórias, organizado por Rinaldo de Fernandes. Mantendo a estrutura de contos, os autores citados apresentam suas recriações do texto do escritor mineiro, sempre de forma redimensionalizada, ora se aproximando mais do original, ora modificando-o radicalmente, constituindo um ato intertextual paródico.
O objeto de estudo desta tese são algumas das narrativas elaboradas por João Guimarães Rosa e compiladas nos livros: Sagarana, Primeiras Estórias, Estas estórias, Ave, palavra, Corpo de Baile e Grande Sertão: Veredas. A análise deste corpus tem a finalidade de verificar até que ponto essas narrativas ajudam a repensar o conceito de homem cordial presente no pensamento sociológico brasileiro, tendo em vista, sobretudo o desenvolvimento deste conceito no ensaio Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (doravante SBH). Dada a inscrição dessas narrativas entre o sertão arcaico e a fundação do ambiente urbano brasileiro, mesmo panorama discutido por SBH, a partir da argumentação desenvolvida, concluiu-se que há um reaproveitamento estético de algumas das principais discussões desenvolvidas por SBH, sobre as raízes da sociedade brasileira. Acredita-se que tal reaproveitamento estético permite que a cordialidade ressoe no corpus analisado, o que nos leva a forjar aqui o qualificativo de poética da cordialidade para as narrativas produzidas por JGR e a enxergar no perfil biográfico desse autor um intérprete do Brasil.
Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras
A presente dissertação tem por objetivo promover um estudo comparado entre dois textos distintos. O ponto de partida deste trabalho é o conto "Sarapalha", presente no livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa. Trata-se da estória de dois primos maleitosos, Ribeiro e Argemiro, que aguardam diariamente a chegada da febre. Toda a ação se desenvolve em torno de uma situação estática determinada: dois homens, sentados lado a lado, em silêncio (ou trocando palavras vazias), impregnados pela solidão e escravizados por uma rotina angustiante - situação que se desestabiliza no instante em que a dor de uma ausência é revelada. Esse retrato particular desenvolvido por Rosa aponta para uma semelhança notável com Esperando Godot (1952), texto dramático do irlandês Samuel Beckett. Obra de peso na dramaturgia do século XX, Esperando Godot trata da estória de dois mendigos, Vladimir e Estragon, que se encontram diariamente para esperar pelo sempre ausente Godot. Observa-se que a mesma dor insuperável daquelas personagens de Rosa permeia esse texto beckettiano, razão pela qual proponho a sua inserção no presente estudo. Mais do que uma situação semelhante, o parentesco detectado parece revelar uma consciência comum que justifica e move esses discursos. Resgatando experiências filosóficas distintas - como o trágico e o absurdo - este estudo procura verificar convergências e divergências entre os referidos textos. E, no decorrer da pesquisa, essa leitura cruzada deverá encontrar um mesmo sentimento, que abraça e atende a esses discursos. Enfim, a leitura que aqui se efetiva busca realimentar as considerações teóricas sobre ambos os textos, além de inseri-los dentro de uma mesma perspectiva.
Faculdade de Letras, Departamento de Lingüística e Filologia
A análise textual fundamentada nos princípios metodológicos de leitura propostos por Roland Barthes. A importância do estudo do texto na obra de Barthes, suas características principais, o texto como processo de escritura, resultado da interação escritor/leitor; o texto plural. A escritura curta, estratégias dos fragmentos. Estrutura e estruturação: a análise estrutural da narrativa, regras funcionais de recorrência e sistematicidade, a procura de unidades sintáticas e semânticas mínimas responsáveis por uma rede de significação hierarquizada; a análise textual, mecanismos de produção do texto enquanto processo de escritura e significância. Releitura do conto Sarapalha de Guimarães Rosa, o estudo das lexias, as conotações, interrelação de códigos, a estruturação da leitura.
Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária
O objetivo desta dissertação é investigar a presença da entidade Autor-Criador em interação com as personagens nas narrativas São Marcos e Sarapalha , da obra Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967). A partir dos pressupostos da estética material de Mikhail Bakhtin (2006), entende-se que não há vinculação entre obra e vida do autor, considerando que a literatura corrente faz a conexão do estudo da obra à vida do escritor, para apenas ouvir a sua voz, a revelar-se em confidências. Para o autor, toda análise estética não deve ser orientada diretamente sobre a obra, mas sobre o que a obra representa para a atividade estética do artista e do leitor. Nosso objeto, aqui, se delineia como o conteúdo dessa atividade estética orientada sobre a obra: o objeto estético. Esta é a dupla perspectiva, aqui, aplicada à leitura das narrativas rosianas: ler o objeto estético na sua singularidade e na estrutura artística chamado objeto estético arquitetônico, concepção que permite ao Autor-Pessoa (elemento ético-social) desdobrar-se em Autor-Criador (elemento constitutivo da forma artística). Dessa forma composicional é concretizada a unidade entre a consciência do Autor- Criador e o mundo exterior resultante de uma Mente arquitetônica, que faz do mundo (outrem) seu enunciado, e, desse, sua consciência: com esse olhar pretendemos ler o estranho em Guimarães Rosa. Em outras palavras, ler a forma artística em acontecimento ou realização. A metodologia de leitura aplicada neste estudo também se fundamenta no conceito de objeto estético, ao praticar a discriminação e isolamento do material analítico-dedutivo da percepção habitual para o insólito da forma artística literária de ambos os textos os contos de Sagarana em suas especificidades crítico-interpretativas. O teórico de nossa referência é Mikhail Bakhtin e os autores de apoio conceitual aplicados à análise e interpretação assim se nomeiam: Tzvetan Todorov; Katerina Clark & Michael Holquist; Roland Barthes; Antonio Cândido; Massaud Moisés; Carlos Alberto
Faraco; Marília Amorim; Renata Coelho Marchezan.
As relações entre literatura e música constituem o objeto de pesquisa desta tese, dadas por meio da leitura de Sagarana, em especial: O burrinho pedrês, Sarapalha, Corpo fechado e A hora e vez de Augusto Matraga. O conceito de musicalidade incorpora as virtualidades sonoras da língua, as cantigas populares e as técnicas e formas eruditas da música, tais como contraponto e sinfonismo.
Este trabalho apresenta uma breve leitura do conto “Sarapalha ” de João Guimarães Rosa, no qual
busca identificar peculiaridades na construção de dois personagens, Primo Ribeiro e Primo
Argemiro, para que possamos caracterizá-los quanto ao tipo de personagens que são além de, a
partir dessa identificação, fazer uma breve leitura interpretativa sobre a história construída. O
intuito é compreender um pouco mais tanto os personagens quanto à narrativa. Para atingir o
objetivo proposto, partimos de uma pesquisa bibliográfica (CÂNDIDO, 2009; BRAIT, 1985).
Obteve-se, ao final da pesquisa, alguns resultados como, por exemplo, a constatação de que ambos
os personagens se caracterizam como sendo planos, porém um deles (Primo Argemiro), adquire no
decorrer da história, mais precisamente no final, um grau de crescimento, o que o levaria a deixar de ser plano, passando à dimensão dos personagens redondos. Também se concluiu que os mesmos
personagens atuam com a função de protagonista/anti
o presente trabalho tem como objetivo principal fazer relações entre as personagens Primo Ribeiro e Turíbio Todo dos contos Sarapalha e Duelo, respectivamente, que fazem parte do livro intitulado Sagarana de Guimarães Rosa. Nesses contos, as personagens serão analisadas a partir dos sentimentos de raiva, ódio, vingança, entre outros que impulsionaram atos impensados em busca de limpar suas honras manchadas e que, de alguma forma, contribuíram de maneira negativa para suas vidas, assim mostramos como Guimarães, considerado um grande escritor, consegue fazer com que seus personagens se pareçam com pessoas reais, com todas as qualidades e, principalmente, os problemas. Portanto, serão pontuados alguns fatos e características marcantes da vida e obra do autor e do movimento literário do qual fez parte: o Modernismo, mais especificamente a terceira fase, que traz como características principais o regionalismo e a liberdade de escrita.
Atenção! Este site não hospeda os textos integrais dos registros bibliográficos aqui referenciados. Para alguns deles, no entanto, acrescentamos a opção "Visualizar/Download", que remete aos sites oficiais em que eles estão disponibilizados.