O artigo examina a recriação de notas de A boiada (diário de viagem de Guimarães Rosa) referentes ao discurso direto em " Uma estória de amor". A retomada dessas anotações, ocorrendo preferencialmente no discurso citado das personagens, reforça a presença de regionalismos lingüísticos nessa instância, sem estabelecer a dicotomia entre o discurso citado e do narrador.
Poderá ser surpreendente fazer pendant de escritores, com Guimarães Rosa e Monteiro Lobato. Mas haverá, no mínimo, a procedência de ser ilustrativo do trabalho que aqui se apresenta. Ficou, em nossa memória mais remota de leituras, que as figuras encantadoras do imaginário infanto-juvenil europeu, em sua coorte de significados, desembarcaram, com Lobato, para nacionalizarem-se em terreiro do Brasil. Mas ficou, também, em nossa memória mais recente de leituras, que o pensamento dos antigos ou “clássicos” da Grécia, em seus sedutores achados, pousou no sertão grande de Guimarães Rosa, transfundindo-se à passagem pelas veredas da metabolização cultural brasileira. Este trabalho tem, então, o objetivo de refletir sobre tal operação, realizada no processo da alquimia literária rosiana, através de recorte estabelecido à volta do conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Primeiras estórias.
Valdomiro Silveira reduz sua narrativa "Salvação" à história de animais, sem ser uma fábula, e inclui-se no conjunto de obras que, para evitar a explicitação do erotismo, encobre o amor com medo. "A hora e vez de Augusto Matraga" não camufla o erotismo e dá sentido à personagem e ao texto, aproveitando como forma a saga nordestina (cordel), a história de vida de santos, o tema do "Judeu Errante" e a parábola. A força dos contos de Sagarana advém do sistemático aproveitamento dos pequenos gêneros, que se encontram na oralidade e que servem de base tanto para a produção, como para a recepção de textos ou de enunciações. A oralidade, que serve para mostrar o caipira de espiritualidade profunda, é também recurso manutensor do segredo religioso.
Este artigo pretende mostrar como o tema da viagem está presente tanto na história quanto na literatura de maneira fundamental para o desenvolvimento, descoberta e aprendizado do mundo e do homem. Na literatura, especialmente, apresentaremos como a viagem é primordial para Guimarães Rosa, tanto na pesquisa de campo quanto como tema de narrativas nas quais ela atua como agente modificador das personagens e elemento desencadeador de mudanças.
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